Pesquisadores criam solução que inibe inflamação de psoríase
A esperança é substituir ou diminuir o uso do corticoide em casos não severos da doença
Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) propõem um novo método de tratamento para a psoríase, doença inflamatória que provoca vermelhidão, descamação e placas na pele. De aplicação tópica, como loção, gel ou creme, o fármaco possui moléculas capazes de inibirem o processo inflamatório da doença.
O medicamento contém compostos doadores de sulfeto de hidrogênio (H2S) e já foi patenteado pelo grupo. Em testes pré-clínicos, descobriu-se que a substância é capaz de atuar beneficamente no tratamento dessa inflamação, inibindo a produção de citocinas pró-inflamatórias.
“É um desafio atravessar o estrato córneo (parte mais externa) da pele para chegar às camadas onde se desenvolve a doença – por isso usamos os nanocarreadores”, explica a professora Luciana Lopes, do departamento de farmacologia da USP. “Por outro lado, dependendo da profundidade e extensão da penetração cutânea, pode haver absorção e efeitos sistêmicos (em todo o corpo). Assim, outro desafio foi localizar o fármaco na pele para obter apenas o efeito local”, afirma.
Hoje o tratamento convencional para psoríase é feito com a administração de corticoides, mas o problema é que seu uso prolongado e excessivo é acompanhado por inúmeros efeitos colaterais indesejados, que incluem afinamento e alterações na pigmentação da pele, além de vermelhidão.
Também há casos de pacientes que desenvolver quadros clínicos adversos, tais como a síndrome de Cushing (ganho de peso ao redor do tronco e perda de massa nos braços e pernas) e até supressão da função das glândulas suprarrenais.
A expectativa dos pesquisadores é substituir ou diminuir o uso do corticoide em casos não severos de psoríase. “Por exemplo, seria possível iniciar o tratamento com essa alternativa para controlar a doença e só aplicar o corticoide quando necessário. Isso evitaria ou reduziria os efeitos adversos que o uso prolongado destes medicamentos ocasiona”, explica a professora Soraia Costa.