Por que mulheres têm mais doenças autoimunes? Estudo sugere motivo

As mulheres representam cerca de 80% das pessoas afetadas por doenças autoimunes; entenda suposto motivo

Por que mulheres têm mais doenças autoimunes?
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Por que mulheres têm mais doenças autoimunes?

Estudos recentes indicam que as mulheres têm mais propensão a desenvolver doenças autoimunes, como o lúpus e a esclerose múltipla. E e a explicação para isso pode residir no cromossomo X.

Segundo uma pesquisa, um grupo particular de moléculas atuando no cromossomo X extra nas mulheres, pode, em certas ocasiões, confundir o sistema imunológico.

Embora isso possa não ser a única razão para a prevalência de doenças autoimunes no gênero feminino, a descoberta abre caminho para tratamentos mais eficazes e menos nocivos à saúde da mulher.

O estudo foi liderado por cientistas da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, e publicado na renomada revista científica Cell.

Por que mulheres têm mais doenças autoimunes?

O ser humano possui 23 pares de cromossomos, sendo que o último par é determinante do sexo biológico: mulheres apresentam dois cromossomos X, enquanto homens exibem um cromossomo X e um Y.

O cromossomo X tem um papel crucial na regulação do sistema imunológico. Como as mulheres possuem dois e os homens apenas um, isso pode indicar que as mulheres têm uma maior predisposição para essas doenças.

Os pesquisadores realizaram uma série de experiências em ratos e células humanas para investigar o papel desse cromossomo.

Eles descobriram que quando certos genes no cromossomo X estão hiperativos, eles podem causar uma superprodução de células imunológicas, o que pode desencadear uma resposta autoimune.

Entendendo a atuação do cromossomo X
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Entendendo a atuação do cromossomo X

Quando o cromossomo X pode aumentar a predisposição para doenças autoimunes?

Para explicar melhor, apesar das mulheres terem dois cromossomos X e os homens apenas um, ambos produzem níveis similares de proteínas do cromossomo X. Isso porque um dos cromossomos X nas mulheres é geralmente silenciado pela molécula Xist.

Esse silenciamento é de extrema importância para a saúde feminina. Porém, caso um gene do segundo cromossomo consiga escapar desse controle, há a produção excessiva de proteínas, algumas potencialmente tóxicas.

Por isso, os especialistas estão considerando que a presença de um segundo cromossomo X nas mulheres poderia estar de alguma forma implicado no fato de serem mais suscetíveis a essas doenças.

Novas possibilidades de tratamento

Se essa hipótese se confirmar por meio de experiências futuras, novos tratamentos para doenças autoimunes poderiam acabar sendo desenvolvidos.

Ao invés de medicamentos que inibem todo o sistema imunológico, a terapêutica poderia focar nas moléculas presentes no cromossomo X, oferecendo uma cura mais eficaz e menos prejudicial ao organismo feminino.

Ainda assim, mais pesquisas são necessárias para confirmar esses resultados e explorar sua aplicação na medicina. Os cientistas enfatizam que embora essa descoberta seja promissora, o tratamento de doenças auto-imunes é complexo e exigirá uma abordagem multifacetada.