Sintomas da covid-19 podem se transformar em doença crônica
Cientistas lançam projeto para estudar mais afundo as consequências prolongadas da infecção causada pelo novo coronavírus
O Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH) tem olhado com preocupação os sintomas da covid-19 que não passam com o tempo e temem que possam se tornar uma doença crônica.
“Temo que algumas pessoas que tiveram essas complicações há três ou quatro meses possam não estar progredindo para uma melhora em pouco tempo”, afirmou o diretor do NIH, Francis Collins, em entrevista à rede de televisão NBC.
Esses sintomas podem incluir fadiga, falta de ar, “névoa do cérebro”, distúrbios do sono, febre, problemas gastrointestinais, ansiedade e depressão. Eles podem variar de leves a incapacitantes e durar meses. É o que os cientistas têm chamado de covid longa.
Diante de tantos relatos de casos nos EUA, o instituto lançou recentemente uma iniciativa para estudar melhor as particularidades da infecção.
Em dezembro, o NIH realizou um workshop para apresentar o que se sabe sobre esses pacientes que não se recuperam totalmente e identificar lacunas importantes sobre os efeitos da covid-19 após os estágios iniciais da doença.
De acordo com a entidade, embora ainda estejam sendo definidos, esses efeitos podem ser referidos coletivamente como sequelas pós-agudas de infecção por SARS-CoV-2, o que pode causar um impacto ainda mais profundo na saúde pública dos países.
“Sabemos que 28 milhões de pessoas tiveram covid nos Estados Unidos. Mesmo que 1% delas tenham consequências crônicas de longo prazo, isso é muita gente e precisamos descobrir tudo o que pudermos para ajudá-los”, disse Collins.
A frente de pesquisa do NIH acredita que o estudo sobre os sintomas duradouros da covid-19 também aumentará o conhecimento da biologia básica de como os humanos se recuperam da infecção e poderá aumentar a compreensão de outras síndromes pós-virais crônicas e doenças autoimunes, bem como outras doenças com sintomas semelhantes.