Solidão aumenta risco da principal causa de morte no Brasil
De acordo com estudo de Harvard, aqueles que vivenciaram a solidão por vários anos estavam sob maior risco
A solidão a longo prazo pode aumentar o risco de acidente vascular cerebral (AVC) em mais da metade, sugerem pesquisas. O AVC é uma a primeira causa de morte no Brasil e a segunda no mundo.
De acordo com um estudo, pessoas de meia-idade que relataram sentimentos de isolamento tiveram probabilidade significativamente maior de sofrer um derrame na década seguinte.
Aqueles que vivenciaram a solidão por vários anos estavam sob maior risco. As descobertas são de cientistas da Universidade de Harvard.
Especialistas disseram que isso mostra a ameaça à saúde pública da solidão crônica e sugeriram que a triagem de pessoas pode ajudar a identificar aquelas em perigo.
Em 2023, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a solidão como uma ameaça significativa à saúde global, relacionando os seus efeitos na mortalidade como equivalentes a fumar 15 cigarros por dia.
Embora trabalhos anteriores tenham ligado a solidão a um maior risco de doenças cardiovasculares, os investigadores disseram que este é um dos primeiros a examinar ligações específicas ao AVC ao longo do tempo.
Detalhes do estudo
Os pesquisadores criaram uma pontuação de solidão usando dados de questionários envolvendo mais de 12.000 americanos, com 50 anos ou mais.
Quatro anos depois, as mesmas perguntas foram feitas novamente às 8.936 pessoas que permaneceram no estudo.
Durante um acompanhamento, houve um total de 1.237 AVCs entre todas as pessoas, caindo para 601 entre aqueles que fizeram duas avaliações.
Os investigadores descobriram que aqueles que estavam sozinhos no início do estudo tinham um risco 25% maior de sofrer um AVC do que aqueles que não eram solitários.
O risco foi maior entre aqueles que se sentiam sozinhos no início do estudo e também no momento da segunda entrevista. Nesses casos, o risco de AVC era 56% maior, de acordo com os resultados publicados na eClinicalMedicine.
Em resumo, o estudo conclui que, especialmente quando vivenciada de forma crónica, a solidão pode desempenhar um papel importante na incidência de AVC.
Outros fatores de risco para AVC
- Hipertensão;
- Diabetes tipo 2;
- Colesterol alto;
- Sobrepeso;
- Obesidade;
- Tabagismo;
- Uso excessivo de álcool;
- Idade avançada;
- Sedentarismo;
- Uso de drogas ilícitas;
- Histórico familiar;
- Ser do sexo masculino.
Sintomas de AVC
Os sinais mais conhecidos de um AVC são fraqueza facial ou nos membros e dificuldades na fala. Porém, existem outros sintomas incomuns que também devem ser observados.
Poucos sabem, mas um derrame pode levar a alterações na visão, com embaçamento ou visão dupla, em um ou ambos os olhos. Também pode ocorrer anormalidades na forma como os olhos se movem.
Outro sinal é a perda de coordenação e/ou sensação de tontura de início agudo. Isso preocupa os especialistas, principalmente por elevar, significantemente, o risco de quedas.
Algumas pessoas podem ainda apresentar náuseas e vômitos súbitos ou sentir-se muito cansadas.
Outras, que sofrem um AVC hemorrágico, podem desenvolver uma dor de cabeça súbita e intensa, que também pode ser o único sintoma.