“Teste de anticorpos é jogar dinheiro fora”, diz médico sobre covid

Segundo epidemiologista, teste dá falsa sensação de segurança

14/10/2021 09:40

O teste de anticorpos IgG de covid-19 feito em farmácias fornece o resultado em cerca de 15 a 20 minutos. O que confere uma certa segurança para uns é visto sem serventia por alguns médicos. Para o epidemiologista e professor da Faculdade de Medicina da USP Paulo Lotufo, é “jogar dinheiro fora”.

“A pessoa que foi fazer o teste, a única coisa que posso dizer é que jogou dinheiro fora. Ela fez uma ação inútil, desnecessária e pior: que vai dar a ela uma falsa segurança. O vírus não está no nosso corpo para dar imunidade, e sim para se replicar, a imunidade é secundária”, disse ele em entrevista à CNN.

Médico alerta para falsos resultados dos testes de anticorpos de covid-19 e diz que é “jogar dinheiro fora”
Médico alerta para falsos resultados dos testes de anticorpos de covid-19 e diz que é “jogar dinheiro fora” - Ilze Kalve/istock

O médico lembra que esse tipo de exame dá falsos positivos. “Isso a gente sabe desde sempre para todas as doenças”, afirma.

A fala do médico vem um dia depois de o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) dizer que decidiu não tomar a vacina contra a covid-19 por já ter sido infectado com o vírus, portanto, a vacinação, na visão dele, seria desnecessária.

“Eu estou vendo novos estudos, eu tô com a minha imunização lá em cima, IgG tá 990, pra quê vou tomar a vacina?”, questionou o presidente em entrevista à Jovem Pan.

“Seria a mesma coisa que você jogar na loteria R$ 10 para ganhar R$ 2. Não tem cabimento isso daí”, afirmou.

O presidente Jair Bolsonaro disse que não tomará a vacina contra a covid-19 por já estar com a “imunização lá em cima”
O presidente Jair Bolsonaro disse que não tomará a vacina contra a covid-19 por já estar com a “imunização lá em cima” - Marcelo Camargo/Agência Brasil

Lotufo ressaltou que a vacinação é a melhor forma de ganhar imunidade contra o novo coronavírus. “A vacina [serve] para que a nossa resposta seja máxima. Não há como comparar a infecção natural com a vacina”, disse Lotufo.