Variante de Manaus é detectada em 3 cidades do interior de SP
Em Araraquara, que concentra o maior número de confirmados, o prefeito decretou lockdown
Se antes os casos da variante de Manaus eram identificados somente em pessoas que estiveram na capital amazonense, agora a cepa já provoca transmissões locais. No interior de São Paulo, o avanço preocupa tanto que o prefeito de Araraquara decretou lockdown. A cidade tem 12 dos 16 casos confirmados de transmissão local (autóctone) e precisou apertou as restrições pelos próximos 15 dias para conter a circulação do vírus.
Alguns casos registrados na cidade chegaram a ser classificados como sendo da cepa britânica, mas a classificação foi retificada com um segundo sequenciamento, aumentando o total de casos da variante brasileira.
Com 100% dos leitos de enfermaria e 94% dos leitos de UTI ocupados por pacientes com covid-19, o temor maior é um colapso no sistema de saúde.
“A cidade sempre teve os índices mais baixos de isolamento social e com a nova cepa, que tem uma transmissibilidade maior, a doença foi se alastrando”, explica a secretária de Saúde Eliana Honain.
Ela ainda lembra que o aumento de casos e internações também é resultado das festas de fim de ano e as férias escolares, que as pessoas tiveram um grande trânsito entre as cidades.
Só no estado de São Paulo, já são 25 casos totais confirmados. Além de Araraquara, a cepa amazonense também já foi identificada em São Paulo (9), Jaú (3) e Águas de Lindoia (1).
Poder de transmissão da cepa amazonense
A variante amazonense do coronavírus, chamada de P.1, foi identificada pela primeira vez em janeiro, em japoneses que estiveram em Manaus.
A preocupação é de que essa variante tenha maior transmissibilidade em relação às cepas mais antigas, o que, mesmo que não seja proporcionalmente mais letal, pode levar a um aumento nas hospitalizações e, consequentemente, mais mortes em número absoluto.
Na última terça-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que as mutações encontradas nessa cepa podem reduzir a neutralização por anticorpos. A entidade, no entanto, frisou que estudos adicionais são necessários para avaliar isso e também se há mudanças na transmissão e severidade dos sintomas.