Bilhete em elevador oferece ajuda para vítimas de violência em quarentena

"Você não está sozinha", diz mensagem solidária

A solidariedade entre vizinhos nos tempos de quarentena ultrapassou os avisos sobre pessoas em grupos de risco ficarem em casa. Agora, as pessoas estão em alerta também com as vítimas de violência doméstica.

Bilhete em elevador oferece ajuda às vítimas de violência doméstica durante o confinamento da quarentena
Créditos: Reprodução/Instagram
Bilhete em elevador oferece ajuda às vítimas de violência doméstica durante o confinamento da quarentena

A mensagem acima foi fixada no elevador de um prédio residencial, e no lugar de uma proposta de ir ao mercado ou farmácia, a pessoa cedeu o próprio apartamento para mulheres que sofrem com agressões e não têm para onde escapar.

“Se precisar de ajuda, corra para cá. Apartamento 602. Você não está sozinha. Pode gritar, pedir socorro, a gente abre a porta para você”, dizia a mensagem.

O bilhete tem sido compartilhado nas redes sociais e faz um alerta também aos possíveis agressores: “Você não vai se esconder atrás da covid-19. Estamos de olho e chamaremos a polícia”.

View this post on Instagram

Já há registro de um aumento de MAIS DE 50% de casos de violência doméstica durante o confinamento por causa da Covid-19. . Só uma mulher que foi (ou é) vítima de violência sabe como é desesperador e aterrorizante não ter paz dentro de casa. . É por isso que a gente tá aqui! . Um vírus fez o mundo parar e o confinamento (como medida de enfrentamento) compeliu muita gente a olhar para o outro, em solidariedade, se disponibilizando a fazer uma compra no supermercado ou tocando uma música bonita pra alguém ouvir de outra janela. . Esse mesmo vírus nos faz testemunhas de crimes bárbaros na casa ao lado – e não temos mais como fingir que não estamos vendo/ouvindo. Estamos em casa. E todo mundo sabe disso. . Esse é recadinho é pra que os vizinhos agressores saibam. "Estamos atentos." . Esse recadinho é pra que nossas vizinhas saibam. "Você não está sozinha." . A gente liga para o 180, a gente chama a polícia e, se precisar, a gente abre a porta da nossa casa. . Precisamos fazer algo a respeito. Ninguém é uma ilha. Muito menos uma mulher vítima de violência. Somos todos rede de apoio. E, se ninguém havia dito isso ainda, a gente tá aqui pra dizer. #somostodosrededeapoio #oquenaonosdisseram #oqnnd #estamosatentos #vocenaoestasozinha

A post shared by | O Que Não Nos Disseram | (@oquenaonosdisseram) on

Como denunciar violência doméstica

Os casos de violência doméstica que viram processos no Poder Judiciário começam em diferentes canais do sistema de justiça, como delegacias de polícia (comuns e voltadas à defesa da mulher), disque-denúncia, promotorias e defensorias públicas.

É ou conhece alguém que sofre qualquer tipo de violência? Saiba onde e como denunciar:

Disque 180
O Disque-Denúncia foi criado pela Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM). A denúncia é anônima e gratuita, disponível 24 horas, em todo o país. Os casos recebidos pela central são encaminhados ao Ministério Público.

Disque 100
O serviço pode ser considerado como “pronto socorro” dos direitos humanos pois atende também graves situações de violações que acabaram de ocorrer ou que ainda estão em curso, acionando os órgãos competentes, possibilitando o flagrante. O Disque 100 funciona diariamente, 24 horas por dia, incluindo sábados, domingos e feriados.

As ligações podem ser feitas de todo o Brasil por meio de discagem gratuita, de qualquer terminal telefônico fixo ou móvel (celular), bastando discar 100.

Polícia Militar (190)
A vítima ou a testemunha pode procurar uma delegacia comum, onde deve ter prioridade no atendimento ou mesmo pedir ajuda por meio do telefone 190. Nesse caso, vai uma viatura da Polícia Militar até o local. Havendo flagrante da ameaça ou agressão, o homem é levado à delegacia, registra-se a ocorrência, ouve-se a vítima e as testemunhas. Na audiência de custódia, o juiz decide se ele ficará preso ou será posto em liberdade.

Atenção ao protocolo policial! O atendimento presencial de um chamado depende de muitos fatores, como a disponibilidade de uma viatura no momento e uma avaliação da gravidade da situação. A ameaça à vida e à integridade física de alguém são sempre prioridade em relação a outros chamados, por isso, é importante explicar exatamente o que está ocorrendo quando solicitar o atendimento ao 190. Fale se já ouviu outras discussões antes e ligue mais vezes caso a viatura demore a aparecer.

Defensoria Pública
A Defensoria Pública é uma instituição que presta assistência jurídica gratuita às pessoas que não podem pagar um advogado. Qualquer pessoa que receba até três salários mínimos por mês (cerca de R$2862,00) ou possa comprovar que, mesmo recebendo mais, não tem condições de pagar um advogado particular, tem direito de ser atendido. Pode procurar esse serviço quem está sendo processado e precisa se defender, quem quer propor uma ação nova para garantir seus direitos (como por exemplo, uma ação pedindo a guarda dos filhos ou uma ação criminal contra algum agressor) ou apenas quem busca uma orientação jurídica.

No caso de violência doméstica, a Defensoria Pública pode auxiliar a vítima pedindo uma medida protetiva a um juiz ou juíza. Essa medida de urgência inclui o afastamento do agressor do lar ou local de convivência com a vítima; a fixação de limite mínimo de distância de que o agressor fica proibido de ultrapassar em relação à vítima; a proibição de o agressor entrar em contato com a vítima, seus familiares e testemunhas por qualquer meio; a suspensão da posse ou restrição do porte de armas, se for o caso; a restrição ou suspensão de visitas do agressor aos filhos menores; entre outras, como pedidos de divórcio, pensão alimentícia e encaminhamento psicossocial.

Delegacia da Mulher
Um levantamento feito pelo portal Gênero e Número, mostra que existem apenas 21 delegacias especializadas no atendimento às mulheres com funcionamento 24 horas em todo o país. Dessas, só São Paulo e Rio de Janeiro possuem delegacias fora das capitais.

Quais os cuidados para prevenir o novo coronavírus
Saiba o que fazer se estiver com suspeita de coronavírus
Coronavírus: saiba o que a OMS diz sobre o uso de máscaras
Como se proteger no ambiente de trabalho
Quais os sintomas e tudo o que se sabe até agora sobre o coronavírus
SUS lança app para fazer triagem virtual
Coronavírus: como se proteger no transporte público
Aplicativo avisa se você passou por alguém com coronavírus
 Entenda a diferença entre quarentena e isolamento