Mamãe Falei será investigado por suspeita de evasão de divisas

Ex-deputado é suspeito de ter praticado o crime por meio de doações via Pix

24/07/2022 14:23

O ex-deputado estadual Arthur do Val (União Brasil-SP), conhecido como Mamãe Falei, será investigado pelo crime de evasão de divisas. O Ministério Público Federal (MPF) pediu a abertura de inquérito à Polícia Federal.

A suspeita paira sobre o dinheiro recebido por doações do Brasil via Pix, em março deste ano, para uma viagem ao leste europeu supostamente em apoio à Ucrânia.

O dinheiro teria sido gasto com coquetéis molotov
O dinheiro teria sido gasto com coquetéis molotov - Reprodução/Redes Sociais

Foi nesse “tour” que declaração sexista de Mamãe Falei sobre as ucranianas renderam a ele o pedido de cassação do mandato de deputado. Relembre aqui.

Além de Arthur do Val, Renan dos Santos, um dos coordenadores do MBL (Movimento Brasil Livre), também estaria envolvido na investigação.

Segundo o despacho do MPF, a arrecadação foi de R$ 180 mil. Esse valor foi transferido para outro país sem aval e registro das instituições financeiras do Estado.

Arthur do Val disse que a “prestação de contas já foi feita e divulgada pela imprensa. Toda a operação foi realizada em conformidade com a lei e já auditada.”

Ex-deputado estadual fez comentários machistas sobre ucranianas
Ex-deputado estadual fez comentários machistas sobre ucranianas - reprodução/YouTube

O dinheiro teria sido gasto com coquetéis molotov.

Mamãe Falei e a Ucrânia

O ex-deputado estadual Arthur do Val, o Mamãe Falei, era pré-candidato ao governo de São Paulo pelo Podemos, quando viajou à Ucrânia para acompanhar o conflito in loco. Na ocasião, ele disse que as mulheres ucranianas “são fáceis porque são pobres”.

O político relata no áudio ter contado as mulheres bonitas que viu na alfândega e afirma que assim que a guerra terminar retornará ao país.

“Mano, eu tô mal. Eu passei agora por quatro barreiras alfandegárias. Duas casinhas em cada país. Mano, eu juro pra você eu contei: são 12 policiais deusas. Mas deusas que você casa e faz tudo que ela quiser. Assim, eu tô mal. Eu não tenho nem palavras para expressar. Quatro dessas eram minas que você, mano, nem se te dizer, se ela cagar você limpa o cu dela com a língua. Assim que essa guerra passar vou voltar para cá.”

“Só vou falar uma coisa para vocês: acabei de cruzar a fronteira a pé aqui, da Ucrânia com a Eslováquia. Maluco, eu juro, eu nunca na minha vida vi nada parecido em termos de mina bonita.”

“A fila das refugiadas… Imagina uma fila sei lá, eu tô sem palavras. Sei lá de 200 metros ou mais e só deusa. É sem noção, cara, é inacreditável, é fora de série. Se você pegar a fila da melhor balada do Brasil, na melhor época do ano, não chega aos pés da fila de refugiados aqui. Eu tô triste porque é inacreditável.”

A renúncia

Mamãe Falei renunciou ao cargo ainda em abril, depois do Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) aprovar, por unanimidade, o processo que poderia gerar a cassação do seu mandato.

Ele era alvo no colegiado de 21 representações pedindo a cassação por quebra de decoro parlamentar, depois de dizer frases sexistas contra mulheres refugiadas da Ucrânia.

Além de Arthur do Val, Renan dos Santos, um dos coordenadores do MBL, também estaria envolvido
Além de Arthur do Val, Renan dos Santos, um dos coordenadores do MBL, também estaria envolvido - Divulgação/Alesp

“Sem o mandato, os deputados agora serão obrigados a discutir apenas os meus direitos políticos e vai ficar claro que eles querem na verdade é me tirar das próximas eleições”, afirmou em nota.

“Estou sendo vítima de um processo injusto e arbitrário dentro da Alesp. O amplo direito a defesa foi ignorado pelos deputados, que promovem uma perseguição política. Vou renunciar ao meu mandato em respeito aos 500 mil paulistas que votaram em mim, para que não vejam seus votos sendo subjugados pela Assembleia. Mas não pensem que desisti, continuarei lutando pelos meus direitos.”