Modelo trans espancada reconhece agressor e recebe apoio de famosos

O suspeito foi reconhecido e tem mandato de prisão, mas segue foragido

O crime aconteceu no último domingo, 16, a modelo trans Alice Felis foi agredida fisicamente por um homem que, segundo a delegada responsável pelo caso, é acostumado a aplicar golpes em travestis e transsexuais.

Os dois se conheceram no sábado, 15, em um bar na Rua Miguel Lemos em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro. Após um tempo, foram para casa da modelo quando começou o espancamento. Em entrevista ao G1, Alice contou que “por mais que você faça o bem, por mais que você seja uma pessoa boa, sempre vai ter uma pessoa que vai te atirar uma pedra, vai te discriminar e vai te maltratar simplesmente pelo fato de você querer ser feliz da forma que você quer”.

Ela foi segurada pelo pescoço e arrastada pelo chão. Também levou diversos socos, tendo o maxilar e nariz quebrados, além de ter escapado de ser esfaqueada. Após tudo isso, foi roubada e deixada no local. O agressor deve responder por tentativa de latrocínio e tem mandato de prisão provisória. Ele segue foragido.

Nas redes sociais, famosos se solidarizaram com o caso de homofobia e violência contra Alice Felis . “Eu espero do fundo do meu coração que quem fez isso pague, que seja preso e que a justiça seja feita”, declarou Pablo Vittar. “Gente, eu fiquei sabendo do caso da Alice Felis, uma mulher trans que foi agredida ontem à noite aqui no Rio, foi espancada dentro do apartamento dela”, comentou Preta Gil. “Já assisti, já chorei de ódio dessa transfobia maldita que ainda existe, não é possível!”, indignou-se Kéfera Buchmann. “Força mana”, desejou Hana Kahalilal.

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Estou indo agora com a @portalfeh , minha advogada, denunciar o caso na 13DP de Copacabana. Ajudem a compartilhar esse vídeo.

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Transfobia é crime!

Apesar de transfobia e homofobia não serem a mesma coisa – um diz respeito à violência contra a identidade de gênero e o outro à orientação sexual – a criminalização da homofobia pelo STF, em junho de 2019, se estende a toda comunidade LGBT e também equipara atos transfóbicos ao crime de racismo. Nesta matéria aqui, explicamos como denunciar esse tipo de crime.

Mulheres trans e Lei Maria da Penha

Outra lei que protege as mulheres trans, em especial, da transfobia é a Lei Maria da Penha. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou, em maio de 2019, um projeto que inclui mulheres transgêneras e travestis na Lei de proteção à mulher.

A proposta altera um artigo da lei que diz “toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião” não pode sofrer violência, incluindo o termo “identidade de gênero”. A proposta está parada na Câmara e especialistas preveem que caráter mais conservador dos Deputados será um obstáculo.

Entretanto, há casos de transfobia julgados como violência doméstica. Em maio de 2018, uma decisão inédita da Justiça do Distrito Federal indicou que os casos de violência contra mulheres trans podem ser julgados na Vara de Violência Doméstica e Familiar e elas devem ser abarcadas em medidas protetivas previstas na Lei Maria da Penha.