A biologia do abraço: efeitos fisiológicos reais do toque humano no corpo

O abraço revela-se muito mais que um simples gesto de afeto: é um poderoso regulador biológico

Por Silvia Melo em parceria com João Gabriel Braga (Médico - CRMGO 28223)
21/04/2025 06:59 / Atualizado em 23/04/2025 10:01

No instante em que envolvemos alguém num abraço, não é apenas pele que se encontra: é ciência e emoção em sintonia. O gesto simples do contato humano desencadeia reações profundas no organismo, revelando que a biologia do abraço vai além do afeto e se estende ao funcionamento de hormônios, ao ritmo cardíaco e até ao sistema imunológico.

Ao abraçar, nosso corpo libera ocitocina, o “hormônio do vínculo”, cuja elevação foi demonstrada em diversos estudos sobre toque afetivo. Essa ocitocina, além de intensificar a sensação de bem‑estar, bloqueia a liberação de cortisol, o hormônio do estresse, reduzindo significativamente os níveis de ansiedade e promovendo um estado de calma profunda.

Liberação de endorfinas e dopamina

Não é só a ocitocina que trabalha a nosso favor: abraços disparam também a liberação de endorfinas e dopamina, neurotransmissores associados ao prazer e à motivação. Essa combinação gera analgesia natural, melhora do humor e sensação prolongada de satisfação

Os efeitos do abraço no coração

Os efeitos fisiológicos do abraço também alcançam o sistema cardiovascular: abraços frequentes estão associados à diminuição da frequência cardíaca e da pressão arterial, reflexo do predomínio da atividade parassimpática e do relaxamento geral do corpo.

Um estudo com 59 mulheres na pré-menopausa demonstrou exatamente isso: aquelas que recebiam abraços frequentes de seus parceiros apresentavam maior nível de ocitocina e menor pressão arterial. 

Além disso, pessoas que incorporam mais abraços em sua rotina apresentam uma resposta mais branda do cortisol pela manhã, sugerindo maior resistência ao estresse.

O abraço é um recurso terapêutico natural, gratuito e acessível
O abraço é um recurso terapêutico natural, gratuito e acessível - Jacob Wackerhausen/istock

Impacto no sistema imunológico

Além de beneficiar o coração, o abraço fortalece as defesas do corpo. O contato físico reduz marcadores inflamatórios e estimula a produção de glóbulos brancos, aumentando a resistência a infecções comuns, como gripes e resfriados.

Diante de tantas evidências, fica claro que o abraço é um recurso terapêutico natural, gratuito e acessível.