Alimentação que reduz risco cardiovascular em mulheres com câncer

Novo estudo destaca a importância da alimentação para sobreviventes do tumor diminuírem risco de doença cardiovascular; entenda

19/04/2024 16:33

Um estudo recente aponta que uma dieta específica, reconhecida por seus benefícios na redução da hipertensão, também pode ser uma estratégia eficaz para diminuir o risco de doenças cardíacas em mulheres que superaram o câncer de mama.

Publicado no JNCI Cancer Spectrum, o estudo destaca a interseção entre nutrição e saúde cardíaca pós-câncer.

Dieta pode reduzir risco de doença cardiovascular em mulheres com câncer de mama
Dieta pode reduzir risco de doença cardiovascular em mulheres com câncer de mama - iStock/koto_feja

Qual a relação entre o câncer de mama e maior risco de doenças cardiovasculares?

Segundo os pesquisadores, há uma maior probabilidade de desenvolver doenças cardíacas entre as sobreviventes de câncer de mama. Essa associação pode ser atribuída, em parte, aos efeitos adversos que certas terapias oncológicas podem ter sobre o coração.

Adicionalmente, tanto o câncer quanto as doenças cardíacas compartilham fatores de risco comuns, como dieta desequilibrada, excesso de peso e hábito de fumar.

“Muitas pessoas não estão cientes de que os sobreviventes do câncer de mama têm um risco maior de desenvolver doenças cardíacas do que as mulheres que não tiveram câncer de mama”, explicou Isaac Ergas, autor principal do estudo.

O que fazer para diminuir o risco de doenças cardiovasculares?

O estudo observou uma correlação positiva entre a adesão à dieta DASH no momento do diagnóstico e uma menor incidência de doenças cardiovasculares.

Os pesquisadores analisaram dados de 3.415 mulheres diagnosticadas com câncer de mama invasivo entre 2005 e 2013, que faziam parte do Pathways Study nos Estados Unidos.

Após a avaliação de cinco padrões alimentares, os resultados indicam que seguir a dieta DASH pode reduzir o risco de insuficiência cardíaca em 47%, diminuir o risco de arritmia e parada cardíaca em 23% e reduzir o risco de doenças valvulares cardíacas em 21%.

Além disso, a adesão a essa dieta também mostrou uma redução de 25% no risco de desenvolver coágulos sanguíneos.

Interessantemente, o estudo ainda revelou que mulheres tratadas com antraciclina, um tipo de quimioterapia conhecido por seus efeitos cardiotóxicos, beneficiaram-se significativamente ao seguir a dieta DASH, registrando menores índices de problemas cardíacos do que aquelas que não seguiram a dieta.

A dieta DASH, então, é um plano alimentar que enfatiza o consumo de frutas, vegetais, grãos integrais e proteínas magras
A dieta DASH, então, é um plano alimentar que enfatiza o consumo de frutas, vegetais, grãos integrais e proteínas magras - iStock/Wand_Prapan

Então, o que é a dieta DASH?

A dieta DASH, sigla em inglês para “Dietary Approaches to Stop Hypertension” (Abordagens Dietéticas para Parar a Hipertensão), enfoca o consumo de alimentos como frutas, vegetais, grãos integrais, além de laticínios com baixo teor de gordura.

Enquanto isso, ela limita o consumo de alimentos ricos em gordura saturada, colesterol e sódio. A dieta DASH é rica em nutrientes como potássio, cálcio e magnésio.

Esse padrão alimentar é recomendado para controlar ou prevenir a hipertensão, mas seus benefícios podem se estender muito além.

Recomendações para pacientes com câncer de mama

  • Conscientização: é vital aumentar a conscientização sobre os riscos cardíacos pós-câncer e a importância de uma dieta saudável.
  • Consulta nutricional: pacientes com câncer de mama devem considerar consultas com nutricionistas para adequar sua dieta e potencializar a saúde do coração.
  • Educação médica: os resultados do estudo incentivam oncologistas e médicos a integrarem recomendações nutricionais como parte do plano de cuidados pós-câncer.

“As nossas descobertas destacam a importância de continuarmos a falar com as sobreviventes do cancro da mama sobre a qualidade da dieta, não só para reduzir o risco de recorrência do cancro da mama, mas também para reduzir o risco de desenvolver doenças cardiovasculares”, afirma Marilyn Kwan, autora sênior do estudo.

Por fim, o estudo reforça a necessidade de estratégias integradas de saúde que considerem a nutrição como um pilar fundamental.

Mas afinal, o que fazer para melhorar a saúde cardiovascular?

Além de adotar uma dieta balanceada, praticar exercícios físicos regularmente, como caminhadas, corridas, natação ou ciclismo, ajuda a fortalecer o coração. E a melhorar a circulação sanguínea.

Evitar o tabagismo e reduzir o consumo de álcool também são medidas importantes para proteger a saúde do coração.

Manter um peso saudável, gerenciar o estresse e realizar check-ups regulares para monitorar fatores de risco também são essenciais para uma boa saúde do coração.