Ameba comedora de cérebro: saiba o que é e se existe no Brasil
Essa microscópica ameba unicelular pode infectar os seres humanos, ao entrar pelo nariz, causando meningoencefalite amebiana primária
Não raro, os jornais noticiam mortes de pessoas, especialmente de crianças, causadas por ameba comedora de cérebro. Frequentemente os casos acontecem nos Estados Unidos.
O último é de uma criança de 6 anos que morreu após contrair o parasita em um parque aquático público no estado americano do Texas. O óbito aconteceu seis dias após o menino dar entrada no hospital.
O protozoário é conhecido popularmente por esse nome porque é capaz de “comer” o tecido do cérebro humano, causando inchaço cerebral e morte.
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A infecção causada por esse protozoário é chamada de meningoencefalite amebiana primária e pode matar pacientes em menos de duas semanas.
Como acontece a contaminação?
Ameba nomeada cientificamente como Naegleria fowleri infecta as pessoas quando a água que contém esse protozoário entra no corpo pelo nariz.
Isso geralmente ocorre quando as pessoas vão nadar ou mergulhar em lagos, rios e fontes termais, já que o micro-organismo vive em águas quentes não tratadas.
Uma vez que ela entra pelo nariz, ela faz um caminho até chegar no cérebro, onde atua destruindo o tecido cerebral.
De acordo com o Centro de Controle de Doenças (CDC), dos EUA, em casos muito raros, as infecções por Naegleria também podem ocorrer quando água contaminada de outras fontes (como água de piscina com cloro inadequado ou água de torneira contaminada) entra no nariz.
Ainda segundo o CDC, não foi demonstrado que a Naegleria fowleri se espalhe via vapor de água ou gotículas de aerossol, como névoa de chuveiro ou vapor de um umidificador). Também não é possível se infectar com Naegleria fowleri ingerindo a água contaminada.
Quão comuns são essas infecções nos EUA?
As infecções por Naegleria fowleri são consideradas raras nos EUA. Essa definição se dá quando uma doença afeta menos de 200.000 pessoas.
Um levantamento feito pelo CDC, mostra que em 10 anos (de 2010 a 2019), 34 infecções foram relatadas nos Estados Unidos.
Desses casos, 30 pessoas foram infectadas em locais recreativos, 3 pessoas foram infectadas após realizar lavagem nasal com água de torneira contaminada e 1 pessoa foi infectada por água de torneira contaminada usada em uma espécie de toboagua de quintal.
Mas afinal, essa ameba existe no Brasil?
Existem poucos casos da infecção no mundo todo, cerca de 200 confirmados. A maioria é dos EUA e poucos da América do Sul. Foram dois registros na Venezuela e um na Argentina.
Já no Brasil, há apenas o registro de 5 casos de infecção por amebas de vida livre, porém, só um teve a confirmação de que a doença foi causada pela espécie Naegleria fowleri.
Sintomas da infecção causada pela ameba comedora de cérebro
Os sinais e sintomas da meningocefalite amébica primária começam em 1 a 2 semanas após a exposição. Inicialmente, a pessoa sente forte dor de cabeça frontal, febre, náuseas e vômitos.
No estágio dois da doença, é comum o infectado apresentar torcicolo, convulsões, estado mental alterado e alucinações. A pessoa infectada pode entrar em coma e acabar indo a óbito.
A taxa de fatalidade é superior a 97%. De acordo com registros oficiais, apenas quatro pessoas de 148 indivíduos infectados conhecidos nos Estados Unidos de 1962 a 2019 sobreviveram.
Essa taxa é muito alta por conta da dificuldade de diagnóstico, que geralmente é feito depois de uma análise do líquido que lubrifica o sistema nervoso central, chamado de líquor.