Borderline: entenda o transtorno de participante de ‘A Fazenda’
Flutuações de humor, medo do abandono e problemas de autoimagem são alguns dos sintomas
Reality shows sempre levantam discussões sobre os mais variados assuntos: machismo, racismo, homofobia e também chama atenção para condições de saúde dos participantes, sejam elas físicas ou mentais. Nesta edição de “A Fazenda“, um dos assuntos bastante comentados tem sido sobre o transtorno de borderline, uma condição da participante Raissa Barbosa.
A doença foi revelada pelos administradores do Twitter da peoa depois da votação da roça na noite de terça-feira. Raissa perdeu o controle de suas emoções ao receber 8 votos e precisou ser acalmada pelos outros participantes.
E o que é o tal transtorno de borderline?
A síndrome de borderline é um transtorno de personalidade caracterizado por um padrão mental generalizado de instabilidade nas relações interpessoais e flutuações de humor. Quem sofre com essa condição pode ir para dois extremos no mesmo dia: da euforia à depressão.
- Depressão nos homens: entenda por que os sintomas podem ser diferentes dos das mulheres
- Seu filho pode ter TOD? Conheça os primeiros sinais que podem surgir na escola
- Sabia que existem tipos diferentes de depressão? Conheça os sintomas e tratamentos mais comuns
- Como identificar sinais de hipocondria?
De acordo com um o DSM-V, considerada a “bíblia” da psiquiatria para diagnósticos de transtornos mentais, essa condição afeta a maneira como a pessoa enxerga a si mesmo e os outros. Inclui problemas de autoimagem e dificuldade em controlar emoções e comportamentos.
O medo intenso do abandono é uma das características predominantes. Pessoas com esse diagnóstico podem sofrer com raiva desproporcional e impulsividade frequente, o que tende a afastar os outros.
“A vida de uma pessoa com Transtorno de Personalidade Borderline tende a ser tudo, menos tranquila, existe um excesso nos comportamentos e atitudes desta pessoa, pode-se chamar de uma maneira exagerada de sentir de agir e de pensar”, explica a psicóloga Karine Santos, do Flows Psicologia.
As causas não são totalmente claras, mas especialistas acreditam que elas estejam ligadas a fatores genéticos, neurológicos e ambientais, como traumas, sobretudo na infância.
O diagnóstico do transtorno de borderline é por critérios clínicos, porém, segundo a psicóloga do Flows Psicologia, nem sempre é tarefa fácil, já que pode ser confundido com outros transtornos.
“É preciso uma avaliação com profissional qualificado assim que surgirem os primeiros sinais de prejuízo na vida da pessoa. O tratamento na maioria dos casos é psiquiátrico e psicológico. Hoje a terapia comportamental dialética é que mais mostra evidências de resultados positivos no tratamento”, explica Karine.
Sintomas do transtorno de borderline
Os sinais e sintomas podem incluir:
- Um medo intenso de abandono, mesmo indo a medidas extremas para evitar a separação ou rejeição real ou imaginária
- Um padrão de relacionamentos intensos instáveis, como idealizar alguém em um momento e, de repente, acreditar que a pessoa não se importa o suficiente ou é cruel
- Mudanças rápidas na identidade e na autoimagem que incluem a mudança de objetivos e valores
- Períodos de paranoia relacionada ao estresse e perda de contato com a realidade, durando de alguns minutos a algumas horas
- Comportamento impulsivo e de risco, como jogos de azar, direção imprudente, sexo inseguro, farras de consumo, compulsão alimentar ou abuso de drogas, ou sabotar o sucesso ao abandonar repentinamente um bom emprego ou encerrar um relacionamento positivo
- Ameaças ou comportamento suicida, automutilação, muitas vezes em resposta ao medo de separação ou rejeição
- Grandes mudanças de humor que duram de algumas horas a alguns dias, que podem incluir felicidade intensa, irritabilidade, vergonha ou ansiedade
- Sentimentos contínuos de vazio
- Raiva inadequada e intensa, como perder a paciência com frequência, ser sarcástico ou amargo ou ter brigas físicas
Tratamento
O tratamento para Transtorno da Personalidade Borderline é realizado, concomitantemente, por uma equipe de psiquiatras e psicólogos que atuam de maneira integrada.
Em São Paulo, o Instituto de Psiquiatria (IPq) da USP, por meio do PRO-AMITI, dispõe de um grupo especificamente formado para pesquisa do assunto. Em razão da pandemia, os atendimentos presenciais podem ter sofrido alterações. Caso precise de ajuda, entre em contato por este link.