Cremesp denuncia Adolfo Lutz por invalidar 20 mil testes de coronavírus
Órgão diz que das 28,8 mil amostras recebidas pelo instituto, apenas 7,8 mil haviam sido testadas.
O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) acusa o Instituto Adolfo Lutz por indícios de irregularidades no armazenamento de 20 mil amostras que devem ser submetidas ao exame para novo coronavírus (covid-19).
No ofício encaminhado ontem ao Ministério Público de São Paulo, o órgão diz que das 28,8 mil amostras recebidas pelo instituto –que pertencente ao governo de São Paulo–, apenas 7,8 mil haviam sido testadas. Os números compreendem o período de 27 de janeiro até 6 de março.
O conselho abriu também sindicância para investigar as responsabilidades dos médicos e gestores do instituto. As informações são da Agência Brasil.
Durante fiscalização feita na quinta-feira, o Cremesp encontrou as 20 mil amostras “in natura” em geladeiras indicadas para a conservação desse tipo de material por até 72 horas. O conselho afirmou que as condições de armazenamento no instituto invalidam as amostras para os testes.
O Cremesp também alega que o instituto não demonstrou como realiza o sistema de priorização de exames, conforme determinação da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, para casos graves como Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e óbitos.
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Outro lado
A Secretaria de Estado da Saúde disse que “é falsa a informação de que são 20 mil exames ‘parados’ no Instituto Adolfo Lutz”. Em nota, o órgão afirmou que, das 17 mil amostras que aguardam os testes, cerca de 9 mil serão priorizadas pela Plataforma de Laboratórios, constituída por 45 unidades, coordenada pelo Instituto Butantan e distribuídas na rede para processamento imediato.
“Além disso, foram adquiridos mais de 1,3 milhão testes para diagnósticos, com foco na otimização da liberação de resultados. Com a chegada neste final de semana, será possível o início da ativação da capacidade plena da rede, com a realização de 8 mil testes diariamente”, diz a nota da secretaria.
Em relação às temperaturas de conservação adotadas pelo instituto, a secretaria disse que elas não interferem na qualidade das análises.
Segundo a secretaria, o Adolfo Lutz possui geladeiras e freezers com capacidade para armazenamento seguindo as indicações do protocolo adotado pela OMS para diagnóstico de covid-19, denominado Charité/Berlim, que não define tempo mínimo de manutenção sob refrigeração. A recomendação é manter a amostra refrigerada, ou a -20ºC ou a -70ºC.
A secretaria disse ainda que não foi oficialmente notificada, até o momento, mas está à disposição do Cremesp e do Ministério do Público para esclarecimentos.