Culpa e insatisfação: precisamos falar sobre transtornos alimentares
Doença democrática pode atingir a todos, independentemente do gênero e da idade
Junho é o mês internacional de conscientização sobre transtornos alimentares. A importância da data é maior a cada ano, visto que alimentação e corpo parecem ser pautas cada vez mais frequentes, seja em ambientes virtuais, seja nos reais. E com tantas discussões e modismos espalhados sobre o tema, os desdobramentos podem ser perigosos e precisam de atenção.
Os números crescentes de casos de anorexia nervosa, bulimia nervosa e transtorno de compulsão alimentar nos alertam sobre a necessidade de conversamos sobre essas questões sérias de saúde mental e que acarretam um imenso prejuízo para o bem-estar daqueles que as carregam.
Transtornos alimentares, pela sua característica bastante democrática, não são apenas doenças de meninas jovens. Todos podem, independentemente do gênero e da idade, desenvolverem um distúrbio alimentar. Além disso, eles não são escolhas ou estilos de vida; são doenças muito sérias e que demandam tratamento especializado preferencialmente de uma equipe multidisciplinar de profissionais da saúde.
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A culpa relacionada ao ato de comer e a desesperança em relação à satisfação corporal é uma marca bastante comum daqueles que vivem com um transtorno da alimentação. Na medida em que se tornou socialmente aceito reduzir alimentação a um meio para conquistar um corpo magro e definido, não é surpreendente que muitas pessoas têm sofrido com questões alimentares, escondidas atrás de sorrisos e selfies em redes sociais.
A busca pelo corpo perfeito e pela suposta alimentação perfeitamente saudável pode ser um perpetuador de dor e sofrimento guardados a sete chaves. Magros, altos, fortes, gordos e fracos: nenhum corpo é livre de preocupação e de amargura. Dessa maneira, desmitificar não só os transtornos, mas também a alimentação dita verdadeiramente saudável é uma batalha diária que travo em meu consultório.
Muitas pessoas que atrelam sucesso e felicidade a corpos magros acabam por distorcer os conceitos de saúde e seguem descontentes consigo mesmos, lançando não só estratégias adoecidas de controle de peso, mas também prolongando relações adoecidas com o ato de se alimentar.
É preciso atenção quando a alimentação passa a ocupar os pensamentos de maneira obsessiva e constante de qualquer pessoa. Comer deve ser uma das atividades que preenchem o dia, não a menos importante, mas também não a única e mais poderosa. Comer de maneira planejada e prazerosa é mais significativo e saudável do que comer com absoluto controle e culpa.
Texto escrito pela nutricionista Marcela Kotait.