‘Fiquei 9 dias na UTI e fui desenganada’, diz paciente recuperada de covid-19

Jovem e sem doenças preexistentes, Anaceli conta como a doença evoluiu rapidamente para um caso grave

08/04/2020 12:00 / Atualizado em 12/09/2021 01:33

A analista contábil Anaceli de Oliveira Farias, de 38 anos, é uma das pacientes de covid-19 que se recuperou depois de passar mais de uma semana internada. “Fiquei 9 dias na UTI, três deles intubada”, conta em entrevista à Catraca Livre.

Os sintomas começaram a aparecer no sábado, dia 21. Anaceli conta que teve febre, dor de cabeça e muita dor no corpo. No domingo à tarde, começou a sentir falta de ar e, na segunda-feira, procurou o hospital.

A sensação descrita por ela é a de afogamento. “É como se estivesse morrendo na cama sem ter ar. Parece que você está procurando o ar e está se afogando”, explica.

Mesmo fora do grupo considerado de risco, Anaceli teve um quadro considerado gravíssimo
Mesmo fora do grupo considerado de risco, Anaceli teve um quadro considerado gravíssimo - arquivo pessoal

Ao chegar ao Hospital Neomater, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, com muita dificuldade de respirar, os enfermeiros já a identificaram como um caso suspeito de covid-19.

Imediatamente, Anaceli foi isolada e fizeram o teste para coronavírus. Também foi feita uma tomografia, que apresentou o aspecto de vidro fosco, característica comum em pacientes com covid-19, que aponta para o acúmulo de líquido nos pulmões. Em seguida, ela foi levada para a sala de UTI, onde foi conectada ao respirador.



 

Fora do grupo de risco

Anaceli não faz parte do grupo considerado de risco, não tem nenhuma doença preexistente e não fuma, mesmo assim o quadro dela foi considerado gravíssimo pelos médicos. “Chegaram a falar para o meus pais e meu esposo que eu não tinha chance de vida”, lembra.

Ao todo, foram 12 dias no hospital e mais quatro dias isolada da família, em casa. Durante o tratamento, foram usados azitromicina e tamiflu, esse último foi suspenso após verificar que não se tratava de um quadro de H1N1.

Agora, Anaceli diz estar 100% recuperada. “Não sou mais transmissora do vírus, o médico disse que eu estou imune, mas isso não quer dizer que eu não possa pegar novamente porque o vírus é mutável. Pode ser que seja mais forte, mas eles não sabem ainda dizer”, explica.

Depois desses dias de muita dor e medo, ela diz que o sentimento que fica é o de renovação. “É uma nova chance de tudo. Eu tenho um filho de 6 anos e minha família. Então, a oportunidade de vê-los de novo é um milagre.”