Identificada bactéria intestinal que pode causar Parkinson

As descobertas estão sendo apontadas como um grande avanço na batalha contra a doença

Pesquisadores finlandeses descobriram que uma bactéria  frequentemente encontrada no trato digestivo dos seres humanos pode ser a causa da doença de Parkinson.

Frequentemente encontrada em ambientes úmidos e pantanosos, acredita-se que o microrganismo chamado desulfovibrio (DSV) desencadeie um acúmulo de proteínas tóxicas que danificam as células vitais do cérebro.

Com a descoberta, os pesquisadores esperam um dia melhorar o diagnóstico precoce da doença, ou mesmo retardar seu progresso.

Cientistas descobrem bactéria intestinal ligada a Parkinson
Créditos: reprodução/Wikimedia Commons
Cientistas descobrem bactéria intestinal ligada a Parkinson

“Nossas descobertas tornam possível rastrear os portadores dessas bactérias nocivas Desulfovibrio”, diz o autor sênior Per Saris, microbiologista da Universidade de Helsinque, na Finlândia.

“Consequentemente, eles podem ser alvo de medidas para remover essas cepas do intestino, potencialmente aliviando e retardando os sintomas de pacientes com doença de Parkinson”.

A pesquisa foi publicada na Frontiers in Cellular and Infection Microbiology. 

Detalhes do estudo

No estudo, os pesquisadores coletaram amostras fecais de 10 pacientes com Parkinson e de seus cônjuges saudáveis. Testes de laboratório mostraram que todos os pacientes com Parkinson tinham a bactéria em suas fezes, junto com oito de seus parceiros.

As cepas de DSV foram então alimentadas com organismos chamados vermes nematóides – que são conhecidos por fazer cópias da proteína alfa-sinucleína. Acredita-se que um acúmulo dessa proteína desencadeie a condição. Os pesquisadores também alimentaram alguns vermes com a bactéria E-coli como controle.

Os resultados mostraram que vermes alimentados com cepas de DSV de pacientes com Parkinson apresentaram níveis “significativamente” mais altos da proteína, em comparação com aqueles alimentados com as mesmas bactérias de indivíduos saudáveis ​​ou E-coli.

Acredita-se que, com o tempo, a pesquisa possa permitir que os médicos controlem o progresso da doença de Parkinson usando terapias que visam o sistema digestivo e seus nervos circundantes, em vez do cérebro.

As descobertas são significativas, pois a causa do Parkinson permanece desconhecida, apesar das tentativas de identificá-la nos últimos dois séculos.

Doença de Parkinson

Os principais sintomas da doença de Parkinson incluem agitação involuntária de partes específicas do corpo, movimentos lentos e músculos rígidos e inflexíveis.

Outros sinais de Parkinson incluem ainda: instabilidade postural e problemas de equilíbrio.

Esses sintomas podem começar de forma sutil e piorar progressivamente ao longo do tempo, afetando a qualidade de vida do paciente.