Infarto durante o sexo: esse risco realmente existe?

Entenda a relação entre infarto e ato sexual e quais os riscos disso acontecer

05/11/2020 11:14

Durante a prática sexual, os batimentos cardíacos aceleram, a pressão arterial aumenta, assim como a demanda de oxigênio pelo coração. Cenário propício para um infarto, certo? De fato, é possível, sim, acontecer um infarto nessa situação, já que sexo trata-se de um esforço físico que requer certa aptidão cardíaca. Mas não é preciso desespero.

De acordo com o médico cardiologista e clínico geral Marcelo Sampaio, da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, o infarto é muito frequente durante o ato sexual em pessoas que já têm problemas cardíacos, mas o risco é praticamente inexiste em pessoas saudáveis.

“Obviamente, é preciso que a pessoa tenha já uma doença anterior, que já tenha placas nas coronárias, mesmo que ela não saiba disso”, explica.

Infarto é muito frequente durante o sexo em pessoas com problemas cardíacos, já que trata-se de um esforço físico
Infarto é muito frequente durante o sexo em pessoas com problemas cardíacos, já que trata-se de um esforço físico - Napadon Srisawang/istock

Como acontece o infarto?

Para entender melhor o risco, é preciso saber como o infarto ocorre. De acordo com o cardiologista da BP, a condição acontece de várias maneiras, todas elas vinculadas às artérias coronárias, que são artérias que se ligam ao músculo do coração.

Inúmeras condições e situações podem estar associadas ao infarto
Inúmeras condições e situações podem estar associadas ao infarto - andriano_cz/istock

“A maneira mais comum e mais clássica, se dá por obstruções dessa artéria coronária por placas de gordura, os chamados de ateromas vinculados a uma doença chamada aterosclerose”, diz.

O infarto ocorre quando há o rompimento de uma dessas placas, levando à formação do coágulo e obstruindo totalmente do fluxo sanguíneo no vaso.

A aterosclerose, ou seja, as placas de gordura são formadas por fatores de risco que as pessoas podem apresentar e desenvolver ao longo dos anos.

Entre os fatores que colaboram para o problema, estão a obesidade, pressão alta, diabetes, colesterol elevado, cigarro, estresse e sedentarismo.

Isso, no entanto, não quer dizer que apenas pessoas com problemas cardíacos estão predispostas a sofrer um infarto. O problema pode acontecer diante de violentas emoções ou durante prática de atividade física extenuante.

“Se nós nos esgotarmos, fizermos exercícios extremamente extenuantes, nós podemos ter um infarto. É o que acontecia muito com os cadetes que entravam no exército e passavam por provas na quais superavam seus limites”, exemplifica o médico.

O especialista também explica que pessoas saudáveis também podem sofrer um infarto em situações ambientais extremas, como em ambientes muito quentes ou muito frios e em grandes altitudes. Situações de estresse extremo, como a perda de um parente, também podem desencadear o problema.

“Existe uma síndrome chamada síndrome do coração partido, é algo que acontece em pessoas sem problemas cardíacos, com coronárias normais”, explica o médico.

Essa síndrome normalmente é considerada uma doença com origem psicológica. É quando há uma descarga excessiva de adrenalina na corrente circulatória desencadeada por estresse emocional.

Sintomas do infarto

O cardiologista Marcelo Sampaio alerta que o principal sintoma do infarto é a dor no peito, que pode aparecer isolada ou se irradiar para braço, pescoço, costas, região do terço superior da barriga. “Ela também pode estar associada a suores frios, com náuseas, com vômitos, com palidez, com sensação de tontura. Mas o sintoma primordial é dor no peito”, explica.

Uma das maneiras de se evitar o infarto é adotar uma vida saudável, como não fumar, controlar a pressão e o diabetes, reduzir o peso, fazer exercício físico de forma regular e diária e controlar o estresse.