Pelo fim do projeto verão!

A grande questão por detrás dessa tentativa de transformar rapidamente o corpo no final do ano está na normalização da insatisfação corporal

Com o início do verão, começa também um velho hábito para muitas mulheres e homens: o de buscar resultados rápidos para seus corpos, seja visando perder peso, seja com o intuito de definir ou fortalecer músculos.

A adoção de dietas malucas e restritivas, para além do uso de medicações e suplementos alimentares de emagrecimento, infelizmente se tornam estratégias comuns nessa corrida para atingir o corpo supostamente perfeito, trazendo potenciais e sérias consequências à saúde orgânica e mental dos que as praticam.

A tentativa de mudar o corpo em pouco tempo muitas vezes é motivada por insatisfação corporal, fruto da pressão estética imposta socialmente sobre todos nós. Frequentar ambientes como praias e piscinas pode ser aversivo demais para aqueles que não vivenciam uma boa relação com a própria silhueta. Com isso, dietas, exercícios físicos exaustivos e até remédios surgem como soluções imediatas para silenciar o sofrimento interno e garantir o que todos já tinham direito, independentemente da forma física – aproveitar o verão.

 Chega de pressão estética sobre os nossos corpos, vamos respeitá-lo como é
 Chega de pressão estética sobre os nossos corpos, vamos respeitá-lo como é - FG Trade/istock

A grande questão por detrás dessa tentativa cíclica de transformar rapidamente o corpo no final do ano está na normalização da insatisfação corporal como fator para mudança.

Se a motivação para viver o verão mais feliz está na adequação do corpo a um determinado padrão, a manutenção desse estereótipo físico surge, então, como condição necessária, na cabeça dos que a seguem, para que qualquer verão possa ser aproveitado, e o não, como deveria ser, respeito e valorização à pluralidade de formas corporais. A consequência inevitável desse comportamento é reforçar a exclusão de corpos reais de ambientes públicos.

Enquanto sucumbirmos cegamente ao padrão de beleza atual, negligenciaremos a saúde e a individualidade de cada um de nós, o que impedirá com que possamos entender o corpo de maneira global e verdadeira. Nosso corpo carrega consigo suas marcas, sua história, sua genética, e temos cada um uma biografia, escrita de maneira única e incomparável em nossa pele.

Portanto, ao invés de tentar por mais um ano transformar seu corpo para viver o verão, viva o verão respeitando seu corpo e o tratando bem e de maneira verdadeiramente saudável. Aproveite tudo o que essa estação pode trazer, mas sem neuras. Deixe que o verão desse ano seja o melhor verão da sua vida e viva plenamente sem que seu corpo seja motivo de vergonha ou inadequação.

Texto escrito pela nutricionista Marcela Kotait.