Pesquisa descobre nova forma de detectar depressão em crianças

Em apenas segundos, pesquisadores conseguiam notar depressão nos voluntários, observando suas falas

20/05/2019 17:20

Pesquisadores usaram inteligência artificial para detectar depressão oculta em crianças
Pesquisadores usaram inteligência artificial para detectar depressão oculta em crianças - Bubanga/istock

Uma em cada 5 crianças com menos de oito anos sofre com depressão e ansiedade, segundo um estudo publicado no periódico Biomedical and Health Informatics. Entretanto, fatores como falta de assistência médica e dificuldade em reconhecer os sintomas contribuem para que elas não recebam o tratamento adequado. A boa notícia é que foi descoberto recentemente uma nova forma de detectar essas doenças nos pequenos.

Pesquisadores da Universidade de Vermont e da Universidade de Michigan desenvolveram uma inteligência artificial que consegue descobrir a presença desses sintomas pela forma e conteúdo das falas delas.

Algoritmo é capaz de detectar depressão em segundos
Algoritmo é capaz de detectar depressão em segundos - skynesher/istock

Para isso, eles avaliaram 71 crianças de 3 a 8 anos que precisavam contar uma história de três minutos e, depois, ouvir a opinião de um pesquisador sobre a qualidade de sua narrativa.

O especialista, que atuava como júri, permanecia sério durante toda a narração das crianças, e dava apenas feedbacks neutros ou negativos. “Esse experimento foi criado para ser estressante, e colocar as crianças para pensar que estavam sendo julgadas”, disse Ellen McGinnis, autora do estudo.

Todo o experimento foi gravado, para que depois, um algoritmo pudesse analisar os áudios. Com 80% de precisão, a inteligência artificial comparou as respostas das crianças com conceitos da Psicologia envolvendo distúrbios emocionais. Em apenas segundos, o programa era capaz de notar a presença da depressão nos voluntários.

Vozes baixas, repetição de palavras ou conceitos, e um tom monótono, por exemplo, foram notados com maior frequência em quem tinha depressão.

O próximo passo do estudo será refinar o algoritmo e desenvolver testes adicionais para analisar dados de voz e outras informações que permitirão à tecnologia distinguir entre ansiedade e depressão. O objetivo final é desenvolver uma bateria de avaliações que possa ser usada em escolas ou consultórios médicos para examinar crianças como parte de suas avaliações de desenvolvimento de rotina.