Pesquisadores da USP encontram relação entre hormônio do crescimento e ansiedade

Para chegar à descoberta, os pesquisadores realizaram testes amplamente utilizados em estudos comportamentais

Por André Nicolau em parceria com Anna Luísa Barbosa (Médica - CRMGO 33271)
13/03/2025 18:00 / Atualizado em 22/03/2025 20:52

Para chegar à descoberta, os pesquisadores realizaram testes amplamente utilizados em estudos comportamentais – iStock/Jacob Wackerhausen
Para chegar à descoberta, os pesquisadores realizaram testes amplamente utilizados em estudos comportamentais – iStock/Jacob Wackerhausen - Getty Images

Muito além de sua função clássica no desenvolvimento corporal, o hormônio do crescimento (GH) acaba de revelar um papel inesperado e promissor: a redução da ansiedade. Uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), publicada no The Journal of Neuroscience, demonstrou que o GH pode atuar como um poderoso ansiolítico natural.

Sob a liderança do professor José Donato Júnior, do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, cientistas exploraram a ação do GH em neurônios que expressam somatostatina, um peptídeo conhecido por inibir a liberação do hormônio.

O que eles descobriram foi fascinante: ao eliminar o receptor do GH nessas células, camundongos machos apresentaram um aumento expressivo nos comportamentos ansiosos. Essa observação reforça a influência direta do hormônio no controle da ansiedade.

Mas as surpresas não pararam por aí. Os testes indicaram também que a ausência do GH reduziu a memória do medo, um achado relevante para o tratamento de distúrbios como o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).

Curiosamente, essa relação foi evidente apenas nos camundongos machos, enquanto as fêmeas não mostraram alterações significativas na ansiedade—um mistério que a ciência ainda precisa decifrar.

Novos horizontes para a medicina

Os pesquisadores realizaram testes amplamente utilizados em estudos comportamentais, como o campo aberto, o labirinto em cruz elevado e a caixa claro-escuro, métodos que ajudam a medir os níveis de ansiedade e resposta ao medo. Os resultados não só ampliam nossa compreensão sobre as funções do GH no cérebro, mas também abrem caminho para o desenvolvimento de terapias inovadoras contra transtornos de ansiedade.

Em um cenário onde a busca por tratamentos eficazes é constante, o hormônio do crescimento surge como um potencial aliado na luta contra a ansiedade. Quem diria que um hormônio conhecido por moldar corpos também poderia ajudar a moldar mentes mais tranquilas?   

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