Quando surgiu a gripe aviária e em que ano foi notificada pela primeira vez no Brasil?

Entre 2005 e 2021, surtos sucessivos levaram ao abate de mais de 316 milhões de aves no mundo

Por André Nicolau em parceria com Anna Luísa Barbosa (Médica - CRMGO 33271)
16/05/2025 15:26 / Atualizado em 24/05/2025 21:26

Entre 2005 e 2021, surtos sucessivos levaram ao abate de mais de 316 milhões de aves no mundo – iStock/Elena Perova
Entre 2005 e 2021, surtos sucessivos levaram ao abate de mais de 316 milhões de aves no mundo – iStock/Elena Perova - Getty Images

A influenza aviária, chamada de gripe aviária, é uma enfermidade viral que afeta principalmente aves, mas que em determinadas cepas pode também infectar mamíferos, incluindo seres humanos.

A doença é causada por diferentes subtipos do vírus Influenza do tipo A, e a sua variante mais preocupante é a de alta patogenicidade (IAAP), responsável por surtos graves em diversas partes do mundo. 

Quando surgiu? 

Sua origem remonta ao século 19. O primeiro reconhecimento de uma enfermidade compatível com a gripe aviária aconteceu ao ano de 1878, na Itália, onde foi inicialmente classificada como uma peste aviária. No entanto, foi apenas no século XX que a natureza viral da doença foi compreendida com maior clareza.

Mais de 100 anos depois, a partir de 1996, o vírus H5N1 – um dos subtipos mais letais – foi identificado na China, marcando o início de uma nova era de preocupação sanitária internacional. Desde então, esse vírus e suas variantes se espalharam de forma intercontinental, atingindo especialmente regiões da Ásia, África, Europa e América do Norte.

Entre 2005 e 2021, surtos sucessivos levaram ao abate de mais de 316 milhões de aves no mundo, provocando não apenas perdas econômicas bilionárias, mas também exigindo grandes esforços de vigilância e controle sanitário.

Gripe Aviária no Brasil: Primeiros casos

Embora o Brasil tenha conseguido manter sua produção avícola livre de surtos em granjas comerciais por quase duas décadas, o cenário mudou em maio de 2025. Na última quinta-feira, 15, o vírus foi confirmado pela primeira vez em uma granja de matrizes localizada em Montenegro, no estado do Rio Grande do Sul, representando um marco inédito para a avicultura nacional.

Antes disso, a circulação do vírus no país estava restrita a aves silvestres e criações domésticas. O primeiro registro oficial ocorreu em maio de 2023, no Espírito Santo, seguido por casos no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e outras regiões. A detecção em um mamífero também foi registrada no RS em outubro de 2023, evidenciando a capacidade do vírus de transpor barreiras entre espécies.

Como é o vírus é propagado? 

A propagação da influenza aviária está fortemente associada à migração de aves silvestres, que atuam como reservatórios naturais do vírus. A movimentação sazonal dessas espécies facilita a disseminação internacional. Ambientes de criação com biossegurança insuficiente também representam pontos de vulnerabilidade, onde o vírus pode entrar em contato com aves comerciais.

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iStock/Kalinovskiy - Getty Images/iStockphoto

Além disso, o comércio global de aves e produtos avícolas pode acelerar o espalhamento da doença, exigindo controle rigoroso em fronteiras e pontos de entrada de animais vivos e materiais genéticos.

Desafios atuais 

As autoridades sanitárias brasileiras, por meio de ações coordenadas entre o Ministério da Agricultura, a Embrapa e os serviços veterinários estaduais, vêm reforçando medidas de vigilância, controle e comunicação de risco. Entre as ações estão o monitoramento de aves migratórias, o isolamento de focos e o fortalecimento dos protocolos de biossegurança nas granjas.

O surgimento da doença em um polo de produção comercial, porém, acende um sinal de alerta para o setor. Embora os danos imediatos estejam sendo contidos, a continuidade da vigilância e o rigor no cumprimento das normas sanitárias serão decisivos para evitar a disseminação mais ampla do vírus no território nacional.

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Pela primeira vez no Brasil, foi identificado o vírus da influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) em uma criação comercial de aves.

A confirmação, feita nesta sexta-feira, 16, pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, acende um alerta tanto para os riscos à saúde quanto para possíveis consequências no setor agropecuário.

Em meio aos esforços das autoridades para conter o foco de transmissão, destacamos seis pontos importantes sobre a doença que você precisa saber.