Riscos de desafio: entenda por que inalar desodorante pode levar à morte

Uma menina de 8 anos morreu após participar do chamado “desafio do desodorante"

Por Silvia Melo em parceria com Anna Luísa Barbosa (Médica - CRMGO 33271)
15/04/2025 18:41 / Atualizado em 23/04/2025 11:39

Nos últimos anos, um desafio perigoso que circula nas redes sociais já tirou a vida de ao menos três crianças no Brasil. A prática, que consiste em inalar o spray de desodorante e segurá-lo na boca pelo maior tempo possível, tem efeitos devastadores no organismo, especialmente em crianças, e pode levar à parada cardíaca em poucos segundos.

A morte mais recente foi a de Sarah Raissa Pereira de Castro, de apenas 8 anos, no Distrito Federal. Antes dela, Brenda Sophia Melo de Santana, de 11 anos, em Pernambuco, e uma menina de 7 anos no ABC Paulista também perderam a vida após repetir a “trend” vista na internet.

Por que inalar desodorante pode levar à morte?

O médico Paulo Guimarães, especialista em prevenção de acidentes domésticos e primeiros socorros a crianças e adolescentes, explica por que o desafio é tão perigoso. “Os sprays contêm gases como butano, propano e isobutano, que, quando inalados, provocam hipóxia — ou seja, falta de oxigênio no corpo — podendo causar tontura, convulsões e parada cardíaca”, diz o médico.

Ela ainda explica que há a possiblidade, inclusive, da chamada síndrome da morte súbita por inalante, que pode ocorrer em questão de minutos.

Desafio de inalar desodorante pode levar à morte em poucos segundos
Desafio de inalar desodorante pode levar à morte em poucos segundos - redmal/istock

De acordo com o Ministério da Saúde, só em 2024, 456 crianças e adolescentes de até 19 anos morreram vítimas de acidentes domésticos no Brasil. A principal causa foram riscos acidentais à respiração (213), seguidos por afogamentos e submersões (104).

Para o médico, mais do que saber como agir diante de uma emergência, é fundamental que os adultos invistam na prevenção e no diálogo com os filhos: “A gente precisa estar atento ao que as crianças estão consumindo na internet. Conversar, orientar e guardar sprays e solventes fora do alcance dos pequenos pode literalmente salvar vidas.”