Sequenciamento de genomas mostra que coronavírus sofreu mutações no Brasil

Cientistas detectaram, em tempo recorde, alterações em amostras do vírus colhidas de pacientes brasileiros e reforçam a necessidade de isolamento social

26/03/2020 10:17

Uma análise genética realizada por um grupo de pesquisadores de diversas universidades brasileiras mostrou que o novo coronavírus, o Sars-CoV-2, sofreu mutações no país. As amostras do vírus foram colhidas das vias respiratórias de pacientes dos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul e São Paulo.

O resultado do sequenciamento de genomas realizado em 48 horas por uma força-tarefa também demonstrou geneticamente que o SARS-CoV-2 foi introduzido no Brasil oriundo de diversos países europeus além de casos importados da China, em menor número.

Além disso, as análises confirmaram a transmissão local do vírus no país, reforçando a necessidade do isolamento social e testagem como medidas preventivas da transmissão da covid-19. “São as armas que temos agora”, disse, ao jornal O Globo, um dos coordenadores do estudo, Renato Santana, do Departamento de Genética, Ecologia e Evolução da UFMG. “Não teremos vacina ou remédios prontos a tempo de salvar as vítimas dessa pandemia”, lembra.

O sequenciamento do vírus foi realizado durante o fim de semana do dia 21 de março no Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), em Petrópolis, na Região Serrana do Rio. O trabalho teve a participação de pesquisadores do LNCC, UFMG e UFRJ e contou com a parceria de pesquisadores da USP (CADDE) e da universidade de Oxford na Inglaterra, além de alunos de pós-graduação do país.

Sequenciamento dos primeiros 19 genomas do coronavírus foi realizado por cientistas no LNCC, em Petrópolis
Sequenciamento dos primeiros 19 genomas do coronavírus foi realizado por cientistas no LNCC, em Petrópolis - divulgação/LNCC

Trabalho permanente

Vale dizer, no entanto, que a mutação de um vírus é algo natural. O sequenciamento e a comparação servem para traçar um panorama e acompanhar mudanças importantes, que podem, por exemplo, determinar o aumento da agressividade do vírus.

De acordo com os pesquisadores envolvidos no trabalho, esse acompanhamento da dispersão do vírus no país irá continuar, com o auxílio de inteligência artificial.