Tratamento com células-tronco cura segundo paciente com HIV

Estudo aponta importante avanço na medicina e na busca pela eliminação definitiva do vírus

10/03/2020 17:16

Um estudo publicado na revista científica “The Lancet” nesta terça-feira, 10, indica o mais um caso da cura do HIV. Trata-se de um paciente inglês, cuja as amostras de sangue não apresentam sinais da infecção 30 meses após o fim do tratamento. A remissão do vírus tem sido creditada a um transplante de células-tronco.

O tratamento foi realizado, na época, por conta de um câncer. Só que os médicos decidiram buscar por um doador com uma mutação genética rara que resiste naturalmente ao HIV. A intenção deles  era fazer uma experimentação que pudesse eliminar o vírus do organismo do paciente. O resultado? O transplante mudou o sistema imunológico do homem, dando a ele a mesma resistência ao HIV de seu doador.

Análises das amostras de sangue não apontaram sinais da infecção por HIV
Análises das amostras de sangue não apontaram sinais da infecção por HIV - Motortion/istock

De acordo com o estudo, a carga viral do HIV no plasma e sêmen do paciente permaneceu indetectável após inúmeros testes. O último foi realizado no dia 4 de março deste ano. “Testamos um número considerável de lugares onde o vírus gosta de se esconder e praticamente tudo deu negativo”, contou Ravindra Gupta, um dos autores do estudo, à agência AFP.

Carga viral do HIV no plasma e sêmen do paciente permaneceu indetectável
Carga viral do HIV no plasma e sêmen do paciente permaneceu indetectável - ClaudioVentrella/istock

Caso semelhante

Este é o segundo relato mundial de cura do HIV. O primeiro ocorreu em 2007, quando Timothy Brown, que por muito tempo foi identificado apenas como “paciente de Berlim”, passou pelo mesmo procedimento para tratar leucemia. Por fim, ele conseguiu se livrar, não só do câncer, como também do HIV. Até hoje, 12 anos depois, Brown não voltou a apresentar sinais das doenças.

Apesar dos dois casos de sucesso, os transplantes de medula são considerados arriscados, com taxa de mortalidade de 10%, especialmente por conta das chances aumentadas de infecções. O procedimento é optado como último recurso para pacientes com HIV que também têm neoplasias hematológicas com risco de vida.