Com medo e desconfiado, brasileiro vai demorar a viajar
Segundo as agências de viagens, a normalização do turismo deve acontecer no primeiro semestre de 2021 ou apenas em 2022
Tudo começou do outro lado do planeta, no final do ano passado. Fechou fronteiras, isolou pessoas, cancelou viagens e paralisou a economia mundial.
Logo virou “gripezinha”, “exagero”, “fantasia”, “neurose” e “histeria”, só para citar alguns dos adjetivos usados pela autoridade máxima do Executivo brasileiro.
Até o último sábado, 27, só no Brasil, eram 1,3 milhão casos confirmados e mais de 57 mil mortes causadas pela convid-19.
E a expectativa do início da pandemia, que já não era nada otimista, está ainda pior.
De acordo com a pesquisa do TRVL LAB (Laboratório de Inteligência de Mercado em Viagens), as agências de viagens, que apostavam em uma retomada entre maio e junho, acreditam que o setor só deve retomar os serviços entre o próximo mês de agosto e o fim de 2020.
Porém, a normalização, ainda segundo as empresas do setor, deve acontecer no primeiro semestre de 2021 ou apenas em 2022.
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Em parceria entre a consultoria MAPIE e a editora Panrotas, a pesquisa traz números decepcionantes para quem pensava em viajar pelo Brasil após a (displicente) flexibilização de medidas de isolamento, adotadas recentemente em São Paulo e Rio de Janeiro, os dois estados com mais vítimas da covid-19.
Sobre a intenção de viajar
Com a curva de contaminações e óbitos ainda em crescimento, o brasileiro deve demorar para se sentir seguro para fazer turismo.
54,4% dos entrevistados não têm intenção de viajar pelo Brasil “até ter confiança que a pandemia está controlada”. A retomada deve ser ainda mais lenta para as viagens internacionais (68,24% não se sentem seguros para sair do país).
Para 61,39% dos que responderam à pesquisa, o principal motivo é o “medo de viajar e expor a família”. Já 27,72% dos entrevistados temem viajar e não poder aproveitar o destino, devido a restrições impostas.
Ainda sobre a intenção de viajar, apenas 12,26% dos entrevistados demonstraram confiança nos prestadores de serviço do setor de turismo para voltar a viajar assim que o isolamento acabar. O número representa uma queda de 10 pontos, com relação à primeira edição da pesquisa, divulgada no início de abril.
Vai para onde?
O Viagem em Pauta não pretende ser mais um vidente do turismo com previsões apressadas sobre o futuro das viagens.
Mas o mercado tem apontado algumas possibilidades para quando tudo isso passar, como deslocamentos terrestres de até 300 km, viagens em família e contato com a natureza.
Com 11 mil hectares de áreas protegidas em biomas como a Mata Atlântica e o Cerrado, a fundação deve apostar no turismo em áreas naturais, aliando desenvolvimento socioeconômico e proteção ambiental.
E adivinha para onde o brasileiro quer viajar na retomada?
Segundo a pesquisa do TRVL LAB, 31,85% pretendem visitar o Nordeste brasileiro, seguido de praias regionais (14,01%), Serra Gaúcha (7,64%) e Rio de Janeiro (6,69%).
No exterior, os entrevistados apontaram a intenção de viajar para a América do Sul (7,96%), Estados Unidos (7,32%) Europa (6,69%) e Caribe e/ou México (2,23%).
O que dizem as agências de viagens
Com cerca de 75% da equipe em home office e debruçada sobre novas estratégias de negócios, as empresas do setor acreditam que a retomada deve vir acompanhada de medidas como a flexibilização de regras como alteração e cancelamento de viagens, e adoção de selo ou certificação sanitária.
Sobre as consultas recebidas pelas agências de turismo, a maior parte se refere a viagens nacionais que devem acontecer ainda em 2020, embora menos de 15% dos agentes consultados acreditem que a malha aérea nacional retorne ao normal até o final deste ano.