Com medo e desconfiado, brasileiro vai demorar a viajar

Segundo as agências de viagens, a normalização do turismo deve acontecer no primeiro semestre de 2021 ou apenas em 2022

Em parceria com Viagem em Pauta
28/06/2020 18:32

Tudo começou do outro lado do planeta, no final do ano passado. Fechou fronteiras, isolou pessoas, cancelou viagens e paralisou a economia mundial.

Logo virou “gripezinha”, “exagero”, “fantasia”, “neurose” e “histeria”, só para citar alguns dos adjetivos usados pela autoridade máxima do Executivo brasileiro.

Aeroporto Charles de Gaulle, na França, umas das portas de entradas para brasileiros que viajam à Europa
Aeroporto Charles de Gaulle, na França, umas das portas de entradas para brasileiros que viajam à Europa - Kristian Mollenborg/Flickr-Creative Commons

Até o último sábado, 27, só no Brasil, eram 1,3 milhão casos confirmados e mais de 57 mil mortes causadas pela convid-19.

E a expectativa do início da pandemia, que já não era nada otimista, está ainda pior.

De acordo com a pesquisa do TRVL LAB (Laboratório de Inteligência de Mercado em Viagens), as agências de viagens, que apostavam em uma retomada entre maio e junho, acreditam que o setor só deve retomar os serviços entre o próximo mês de agosto e o fim de 2020.

Encontro do rio com o mar, em Barra do Camaratuba, na Paraíba; brasileiros ainda vão demorar a viajar
Encontro do rio com o mar, em Barra do Camaratuba, na Paraíba; brasileiros ainda vão demorar a viajar - Eduardo Vessoni

Porém, a normalização, ainda segundo as empresas do setor, deve acontecer no primeiro semestre de 2021 ou apenas em 2022.


#NessaQuarentenaEuVou – Dicas durante o isolamento:


Em parceria entre a consultoria MAPIE e a editora Panrotas, a pesquisa traz números decepcionantes para quem pensava em viajar pelo Brasil após a (displicente) flexibilização de medidas de isolamento, adotadas recentemente em São Paulo e Rio de Janeiro, os dois estados com mais vítimas da covid-19.

Sobre a intenção de viajar

Com a curva de contaminações e óbitos ainda em crescimento, o brasileiro deve demorar para se sentir seguro para fazer turismo.

54,4% dos entrevistados não têm intenção de viajar pelo Brasil “até ter confiança que a pandemia está controlada”. A retomada deve ser ainda mais lenta para as viagens internacionais (68,24% não se sentem seguros para sair do país).

Carretera Austral, na Patagônia chilena
Carretera Austral, na Patagônia chilena - Jaime Bórquez/Divulgação

Para 61,39% dos que responderam à pesquisa, o principal motivo é o “medo de viajar e expor a família”. Já 27,72% dos entrevistados temem viajar e não poder aproveitar o destino, devido a restrições impostas.

Ainda sobre a intenção de viajar, apenas 12,26% dos entrevistados demonstraram confiança nos prestadores de serviço do setor de turismo para voltar a viajar assim que o isolamento acabar. O número representa uma queda de 10 pontos, com relação à primeira edição da pesquisa, divulgada no início de abril.

Vai para onde?

O Viagem em Pauta não pretende ser mais um vidente do turismo com previsões apressadas sobre o futuro das viagens.

Mas o mercado tem apontado algumas possibilidades para quando tudo isso passar, como deslocamentos terrestres de até 300 km, viagens em família e contato com a natureza.

demorar a viajar

Com 11 mil hectares de áreas protegidas em biomas como a Mata Atlântica e o Cerrado, a fundação deve apostar no turismo em áreas naturais, aliando desenvolvimento socioeconômico e proteção ambiental.

E adivinha para onde o brasileiro quer viajar na retomada?

Segundo a pesquisa do TRVL LAB, 31,85% pretendem visitar o Nordeste brasileiro, seguido de praias regionais (14,01%), Serra Gaúcha (7,64%) e Rio de Janeiro (6,69%).

demorar a viajar

No exterior, os entrevistados apontaram a intenção de viajar para a América do Sul (7,96%), Estados Unidos (7,32%) Europa (6,69%) e Caribe e/ou México (2,23%).

O que dizem as agências de viagens

Com cerca de 75% da equipe em home office e debruçada sobre novas estratégias de negócios, as empresas do setor acreditam que a retomada deve vir acompanhada de medidas como a flexibilização de regras como alteração e cancelamento de viagens, e adoção de selo ou certificação sanitária.

Barra do Cunhaú, a 80 km de Natal, no Rio Grande do Norte
Barra do Cunhaú, a 80 km de Natal, no Rio Grande do Norte - Eduardo Vessoni)

Sobre as consultas recebidas pelas agências de turismo, a maior parte se refere a viagens nacionais que devem acontecer ainda em 2020, embora menos de 15% dos agentes consultados acreditem que a malha aérea nacional retorne ao normal até o final deste ano.