Prefeitura de SP altera divulgação de óbitos da covid-19
Novo método redistribui óbitos de acordo com data de ocorrência, e não mais pelo dia da notificação da morte no sistema
Sem alarde e nem informar quais razões, a Prefeitura de São Paulo mudou a forma de divulgação das notificações de mortes pela covid-19 na cidade. Desde a semana passada, a gestão de Bruno Covas (PSDB) está divulgando os óbitos pela data em que ocorreram e não mais pelo dia da notificação da morte no sistema.
A estratégia é bem semelhante a que o governo Jair Bolsonaro tentou implementar no início de junho, mas acabou recuando após críticas. As informações são do El País.
A nova forma acaba dando a falsa sensação de estabilidade da pandemia, além de causar confusão na interpretação de dados. A mudança ocorre mais de quatro meses após a primeira morte na capital paulista.
- Microsoft abre curso gratuito para mulheres; saiba como se inscrever
- AVC: saiba como prevenir e identificar os sinais de alerta
- Senai oferta mais de 5 mil vagas em cursos gratuitos
- Como a vitamina D pode impactar a depressão e a ansiedade
#NessaQuarentenaEuVou – Dicas durante o isolamento:
- Lista de serviços de acolhimento emocional à distância
- 3 motivos para curtir a sua própria companhia
- 5 dicas essenciais para os ansiosos de plantão
- 4 dicas de autocuidado com a saúde mental
- 3 tipos de meditação para dormir melhor
- Receitas de doces e salgados para você testar
- Cursos e plataformas online para estudar
- Agenda de lives para dançar e cantar no quarto
Especialistas ouvidos pelo jornal El Pais criticaram a mudança na divulgação dos dados de mortes. Segundo eles, a nova metodologia já não permite dizer se houve ou não recorde de notificação nas últimas 24 horas.
“Essa nova metodologia pode levar a interpretações equivocadas sobre as novas mortes num primeiro momento, visto que a curva de óbitos totais acaba não sofrendo nenhum tipo de alteração brusca nos últimos dias”, afirma Wallace Casaca, do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI) da Universidade de São Paulo (USP).
Segundo a reportagem do El País, a diluição de números de maneira retroativa fez com que na semana entre os dias 9 e 16 de julho, 185 mortos sumissem dos cálculos daquele período.
Em resposta à publicação, a Secretaria Municipal da Saúde esclarece:
1) Metodologia de cálculo por data de ocorrência do óbito:
O tratamento estatístico dos dados de óbitos pode ser feito segundo diferentes critérios. A reportagem faz uma defesa do recorte dos dados segundo a data de notificação dos óbitos. Segundo este critério, defendido pelos citados especialistas, os óbitos diários representam o total de óbitos notificados em cada dia. Cabe esclarecer que a data de notificação normalmente não coincide com a data do óbito. A notificação representa o momento em que a Secretaria toma ciência do óbito – normalmente ocorrido dias antes. Represamentos nas notificações, como podem ocorrer aos fins de semana, ou nos feriados, podem ocasionar aumentos dos registros diários nos dias imediatamente posteriores, transmitindo uma falsa impressão de crescimento.
Segundo os técnicos e especialistas desta SMS, registrar os óbitos por sua data de ocorrência é o critério mais apropriado para atender o propósito de vigilância epidemiológica e acompanhar a evolução da doença. Esse recorte dos dados evidencia a real evolução da doença quanto a sua letalidade. Mais do que saber quantas notificações de óbitos foram recebidas em determinado dia, interessa saber de fato quantos indivíduos vieram a óbito. Ainda que esse número se atualize com alguma defasagem, saber esse dado é fundamental para planejar a política assistencial e nortear a tomada de decisão dos gestores públicos no combate à pandemia. Cabe observar, ainda, que a adoção desse critério não resulta em redução no total de casos. O número acumulado de óbitos é o mesmo, independentemente do critério adotado. O que se modifica é apenas a distribuição desses óbitos nas datas ocorridas. Assim, evidencia-se a real evolução da pandemia, não a simples contagem de óbitos.
2) Sobre a transparência dos dados de óbito:
A Secretaria Municipal da Saúde preza pela transparência e consistência das informações divulgadas em relação aos óbitos registrados no município. Com esse intuito monitoramos os óbitos tanto pelo sistema SIVEP-Gripe, quanto pelo SIM-PROAIM. Não há que se falar em falta de transparência, visto que divulgamos as duas fontes. Os dados de óbitos registrados no SIVEP-Gripe são normalmente menores que os do PROAIM. No entanto, divulgamos ambos, para que a população tenha o dado sempre mais aderente à realidade.
3) Uso do Boletim Diário para análises de séries históricas:
Esclarecemos que o Boletim Diário – COVID-19 é uma publicação que visa informar de forma resumida e a situação epidemiológica no dia da publicação. Os técnicos desta secretaria desaconselham o uso deste meio de comunicação para realizar análises de séries históricas. Para este tipo de análises recomendamos o uso dos dados disponibilizados no TABNET.