Polêmicas após a morte de Gugu comprovam: ele foi refém da própria vida
OPINIÃO: Apresentador construiu uma vida gloriosa em frente às câmeras, mas cheia de medos nos bastidores
Quando Gugu Liberato teve sua vida interrompida precocemente devido a um acidente doméstico, em novembro de 2019, os fãs e admiradores do apresentador de TV não imaginavam que uma polêmica envolvendo a herança do artista viria à tona e tomaria grandes proporções. Até porque o comunicador não falava sobre a vida pessoal com frequência e riqueza de detalhes, e pouco se sabia a respeito de sua família.
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Enquanto a gente se surpreendia com um cenário de novela mexicana envolvendo uma briga entre Rose Miriam Di Matteo, mãe dos filhos de Gugu (João Augusto, de 18 anos, Marina e Sofia, de 16), e os familiares do famoso, incluindo a mãe, Maria do Céu, e a irmã, Aparecida Liberato, um outro capítulo era escrito em paralelo a tudo isso, e que fugia da expectativa de muita gente: a chegada de Thiago Salvático, suposto namorado do artista.
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O chef de cozinha entrou com um pedido na Justiça para comprovar que mantinha uma união estável com o apresentador há 7 anos. Salvático, que mora na Alemanha, tem fotos com Gugu em diversas partes do mundo, por conta das viagens que faziam juntos. Já do outro lado da moeda, Rose protagonizou ensaios fotográficos com o apresentador ao longo da vida, como um casal, ao lado dos filhos, e tem usado tais imagens, assim como Thiago, para provar que mantinha uma união estável com Liberato.
Dá pra ver que a batalha judicial para rever a divisão dos bens de Gugu compõe apenas uma pequena fatia desse bolo que foi criado em torno do patrimônio de Gugu. A questão aqui é muito mais complexa e profunda, um reflexo de uma vida construída por aparências e que escondia um medo latente do apresentador: o de se assumir homossexual.
O artista fez sua carreira de sucesso na TV a partir dos anos 80, época em que se assumir homossexual publicamente poderia ser um tiro no pé e a ruína de seu sucesso profissional. O público que acompanhava Gugu desde o início era conservador, composto pelas famílias tradicionais, que se reuniam à frente da TV todo domingo para assisti-lo. E a imagem que Gugu quis mostrar para o público de si mesmo era a de um filho dedicado, religioso e reservado – tudo o que o preconceito ditava como exemplo oposto de uma pessoal com opção sexual diferente.
Se não fosse pela homofobia, que sempre foi muito presente na sociedade, Thiago ou qualquer outro suposto companheiro que Liberato tivera no passado estaria no testamento e essa questão nem precisaria ser discutida.
Apesar de muita gente tentar achar um culpado nessa história toda, devo lhes avisar que: Rose Miriam abandonou a carreira na medicina para criar os filhos com Gugu e abdicou de muita coisa para assumir esta relação; Thiago Salvático prova que vivia um grande amor com o apresentador; e a família de Gugu quer preservar a imagem que ele construiu a vida toda. Se tem um vilão por trás de tudo isso, esse vilão é o medo que Liberato sentia de sofrer preconceitos.
Quem acha que expor a suposta relação do apresentador com Thiago é manchar a imagem dele deve levar em consideração que em vida ele foi respeitado pela carreira profissional, pelo bem que fazia à população – Gugu dava presentes e fazia doações para muita gente – e não por ser um bom marido para Rose Miriam. Pensar dessa forma só reforça um discurso homofóbico e as insegurança de uma pessoa que foi refém da própria vida.