Anvisa não recomenda remédio para malária em casos de coronavírus
Busca repentina fez a droga se esgotar em farmácias de São Paulo, deixando pacientes com lúpus e outras doenças sem a medicação
A Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou uma nota técnica não recomendando o uso de cloroquina e hidroxicloroquina contra o novo coronavírus. As drogas usadas há anos contra a malária foram anunciadas pelos Estados Unidos como promissoras no tratamento de pacientes diagnosticados com a Covid-19.
O presidente americano Donald Trump chegou a pedir ao FDA, agência responsável pela aprovação de medicamentos nos EUA, que permitisse rapidamente seu uso no combate ao novo vírus.
Apesar de promissores, não existem estudos conclusivos que comprovam o uso desses medicamentos para o tratamento da Covid-19, segundo informou a Anvisa. “Portanto, não há recomendação da Anvisa, no momento, para a sua utilização em pacientes infectados ou mesmo como forma de prevenção à contaminação pelo novo coronavírus”, informa nota da agência.
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O anúncio de Trump, no entanto, causou um problema grande. Isso porque a droga é utilizada para ajudar no tratamento de pessoas com artrites reumatoides e lúpus, e muitos desses pacientes já relatam dificuldade em encontrar as drogas em farmácias de São Paulo desde que a informação começou a circular.
No Twitter, vários pacientes e parentes fazem um apelo para que pessoas que não precisam do medicamento não comprem.
https://twitter.com/nathuzka/status/1241004428217462794
O Ministério da Saúde reconhece que existe uma hipótese de que os medicamentos ajudem no tratamento da Covid-19, mas é preciso que estudos sejam feitos ainda.
O secretário de Ciência e Tecnologia da pasta, Denizar Vianna, apelou à população que não compre remédios com a substância.
O CFM (Conselho Federal de Medicina) afirmou em nota que “nenhum tratamento antiviral específico é recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), CDC (Centro de Controle de Doenças, dos EUA) ou pelo governo brasileiro”. Além disso, a automedicação pode causar efeitos colaterais e representar um grave risco à saúde.
A cloroquina é usada há 70 anos contra a malária e a hidroxicloroquina é um derivado menos tóxico da droga. Só que para ser usado no combate ao novo coronavírus, a Anvisa reforçou ser necessário conduzir estudos clínicos em uma amostra representativa de seres humanos,demonstrando a segurança e a eficácia para o uso pretendido.