Virologista fala em “potencial gigantesco” de disseminação da Ômicron
Apesar disso, ainda é cedo para prever se a Ômicron terá o mesmo potencial de propagação no Brasil que a Delta
Apesar de dados ainda insuficientes sobre a Ômicron, o presidente da Sociedade Brasileira de Virologia (SBV), Flávio da Fonseca, acredita que a nova variante tem “potencial de disseminação gigantesco”.
“Está claro que ela tem potencial de disseminação gigantesco pelo número alto de mutações e pela rapidez com que já se disseminou”, disse em entrevista à BBC News Brasil.
Mutações preocupam
A quantidade de mutações apresentadas pela Ômicron é o que causa preocupação. Algumas delas nunca tinham sido observadas em cepas anteriores.
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Das 50 alterações genéticas totais, 32 se localizam na proteína spike, uma parte do vírus que se liga a célula humana para iniciar a infecção.
Essas mutações podem indicar uma capacidade de transmissão bem mais elevada em relação às outras cepas.
Apesar disso, ainda é cedo para prever se a Ômicron terá o mesmo potencial de propagação que teve a Delta aqui no Brasil.
Segundo o virologista, é preciso saber se essas mutações verificadas na variante afetam ou não a eficácia das vacinas e informações sobre o comportamento da variante em países com cobertura vacinal maior que a verificada no sul da África, onde a cepa foi descoberta.
“Na delta, com nossa cobertura vacinal crescendo rápida e adequadamente, e com o fato de que tivemos segunda onda muito intensa com um vírus que também apresentava muitas mutações (gama), isso em conjunto explica o impacto que a variante teve no Brasil quando comparado à Europa”, disse Fonseca à BBC.
Situação no Brasil
Na terça-feira, 30, foram confirmados os primeiros dois casos da Ômicron no país. Trata-se de um casal brasileiro não vacinado que desembarcou em São Paulo, vindo da África do Sul no dia 23 de novembro, antes da notificação mundial sobre a identificação da nova variante.
A Secretaria Municipal de Saúde da capital paulista disse que “apura os possíveis contatos de ambos para que seja possível fazer imediatamente o rastreamento e o monitoramento de todos, além de comprovar a situação vacinal da família”.