TDPM: entenda o transtorno que a atriz Fernanda Machado enfrenta

Embora compartilhe sintomas com a TPM (tensão pré-menstrual), o TDPM é muito mais intenso, podendo ser confundido com crises de ansiedade e depressão

Por Silvia Melo em parceria com Anna Luísa Barbosa (Médica - CRMGO 33271)
11/04/2025 14:02 / Atualizado em 25/04/2025 08:54

Fernanda Machado leva conscientização sobre o TDPM
Fernanda Machado leva conscientização sobre o TDPM - reprodução/instagram/realfemachado

Diagnosticada com TDPM (Transtorno Disfórico Pré-Menstrual), há cerca de um ano e meio, Fernanda Machado decidiu usar sua experiência pessoal para dar visibilidade a questões muitas vezes silenciadas. No livro “Tudo o que não me contaram sobre a maternidade”, que será lançado em breve, a atriz vai abordar sobre a condição, além de assuntos sobre maternidade e endometriose.

Aos 44 anos, Fernanda compartilhou que a confirmação do transtorno foi um alívio, pois finalmente conseguiu compreender as mudanças emocionais e físicas intensas que enfrentava todos os meses.

Apesar de ainda pouco divulgado, o TDPM é uma condição séria e que vai muito além da famosa TPM. Segundo pesquisa feita pela atriz para seu livro, a condição pode levar até a pensamentos suicidas. E o mais preocupante: muitas mulheres sofrem caladas, sem sequer saber que estão lidando com um transtorno tratável.

O que é TDPM?

O Transtorno Disfórico Pré-Menstrual é uma condição de saúde mental cíclica, que ocorre na segunda metade do ciclo menstrual e desaparece logo após o início da menstruação. Ele está relacionado às oscilações hormonais, especialmente da progesterona e do estrogênio, que impactam neurotransmissores como a serotonina.

Enquanto a TPM causa desconfortos moderados, o TDPM se manifesta com sintomas graves e incapacitantes, afetando diretamente o dia a dia da mulher.

Principais sintomas do TDPM

Os sinais do TDPM envolvem alterações emocionais, comportamentais e físicas. Entre os mais comuns, destacam-se:

  • Tristeza profunda e repentina
  • Irritabilidade extrema, até com desconhecidos
  • Raiva descontrolada
  • Crises de choro frequentes
  • Desânimo e falta de motivação
  • Ansiedade intensa
  • Isolamento social
  • Insônia ou sonolência excessiva
  • Inchaço, dor nas mamas e desconforto abdominal
  • Dores musculares ou articulares
  • Sensação de ganho de peso ou retenção de líquidos

Segundo especialistas, a diferença mais marcante em relação à TPM é a intensidade dos sintomas e o impacto na rotina, chegando a impedir a mulher de realizar atividades comuns como trabalhar, estudar, socializar ou até sair de casa.

Como é o tratamento para TDPM?

Em muitos casos, o tratamento envolve uma combinação de abordagens. Uma das primeiras opções costuma ser a mudança no estilo de vida, incluindo alimentação equilibrada, prática regular de atividade física e técnicas de manejo do estresse, como meditação e terapia. Essas medidas ajudam a aliviar os sintomas, mas nem sempre são suficientes.

Quando os sintomas são mais intensos, pode ser necessário o uso de medicamentos. Antidepressivos, especialmente os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS), têm se mostrado eficazes, mesmo quando utilizados apenas na fase final do ciclo menstrual. Em alguns casos, anticoncepcionais hormonais também são recomendados para interromper a ovulação e estabilizar os níveis hormonais, reduzindo assim as oscilações de humor.

Terapias complementares, como acupuntura, fitoterapia e suplementação com vitaminas do complexo B, magnésio ou cálcio, podem ser indicadas como suporte, desde que sob orientação médica.

A psicoterapia, principalmente a terapia cognitivo-comportamental (TCC), também pode ajudar a lidar com os impactos emocionais e comportamentais do TDPM, melhorando a qualidade de vida. O diagnóstico precoce e o acompanhamento contínuo são fundamentais para garantir um tratamento eficaz e minimizar os efeitos da condição no dia a dia da mulher.