Bolsonaro manda atrasar boletins do coronavírus para não passar em telejornais
A ordem estabelece que boletim seja enviado à imprensa no final da noite, mesmo que os dados já estejam prontos às 19h
Partiu do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a ordem de atrasar a divulgação dos boletins diários do Ministério da Saúde com os números atualizados de mortes e casos confirmados do novo coronavírus (covid-19). Agora, os dados só serão divulgados às 22 horas, após a exibição de todos os telejornais com maior audiência no país. A informação é do jornal Correio Braziliense.
Segundo uma fonte do alto escalão do governo, a decisão é permanente. A intenção de atrasar a entrega dos boletins existe desde que Luiz Henrique Mandetta estava à frente do Ministério da Saúde, que na época se recusara a acatar a determinação.
A estratégia do Palácio do Planalto é evitar que os dados estejam disponíveis no horário dos telejornais noturnos, período de maior audiência nas redes de televisões brasileiras. A ordem estabelece que os dados sejam enviados à imprensa no final da noite, mesmo que os documentos já estejam prontos às 19 horas.
De acordo com a reportagem do Correio Braziliense, a ordem já começou a valer ontem, quando o país bateu novo recorde de mortes pela condid-19. Foram 1.473 óbitos contabilizados nas últimas 24 horas, o que dá uma média de uma morte por minuto no país.
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Jornal Nacional
Ontem, o apresentador William Bonner deu uma alfinetada no governo Bolsonaro pelos atrasos na divulgação de dados do coronavírus.
“Para que você tenha sempre os números mais atuais dessa pandemia, a partir de hoje o Jornal Nacional vai apresentar os dados das secretarias estaduais de Saúde, totalizados pelo G1. E também os números atualizados do Ministério da Saúde quando forem divulgados a tempo, porque a nossa missão no JN é levarem a você todas as informações relevantes sobre esse desafio enorme que a pandemia impõe à saúde dos brasileiros”, disse Bonner.
A mudança na divulgação dos dados da covid-19 vem acontecendo com frequência, principalmente após as trocas de ministros. Inicialmente os dados eram liberados às 16h, Depois passou para às 17h e posteriormente, às 19h.
Outra tática adotada pelo governo Bolsonaro após a saída do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta foi o fim das entrevistas diárias e a ocultação nas redes sociais dos números de óbitos da doença
Com 34.021 óbitos, o Brasil superou a Itália e se tornou no terceiro em número de mortos. O número de infectados chegou a 614.941.