Cansei de cozinhar na quarentena. E agora?
Isso não está acontecendo só com você; logo, não é preciso entrar em pânico
Após 70 dias de isolamento social, muitos perderam a motivação para cozinhar. As receitas da vovó hoje estão sendo cada vez mais substituídas por pedidos de delivery e comidas congeladas. O entusiasmo para praticar exercícios físicos nessa quarentena também diminuiu, assim como as lives, que já encheram a paciência. Tudo o que se quer nos momentos de lazer é se jogar no sofá enquanto as horas passam, esperando o dia daquela desejada cervejada com os amigos.
Isso não está acontecendo só com você; logo, não é preciso entrar em pânico. Além de repetir o mantra de que “isso vai passar”, é preciso acreditar que esses comportamentos extremos – de “faço tudo feliz e como tudo saudável” até o “não suporto mais minha própria companhia e comerei o que for mais fácil e o que der na telha” na quarentena – são ambos ruins. Devemos tentar trilhar o caminho do meio. Em outras palavras, você não precisa ser perfeito! O cansaço e a ansiedade que esse momento de quarentena traz devem ser respeitados. Está tudo bem se você diminuir o hábito de cozinhar todos os dias, assim como pedir comida e sucumbir aos congelados. Isso pode e deve acontecer eventualmente.
Além disso, manter uma rotina básica, privilegiando-se não só o “ser ativo”, como também o descanso, é fundamental para mantermos comportamentos equilibrados e sustentáveis até o final da fase de isolamento social.
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Não se deve fazer exercício físico a partir das modinhas das transmissões mais assistidas nas redes sociais, mas sim praticar aquilo que nos dá mais prazer, pois isso fará com que estejamos mais motivados para nos exercitar mais vezes e de forma regular.
Quando não nos exercitamos, geramos uma tendência em nosso corpo para continuar sedentário, impactando na nossa autoestima. Além disso, a falta de energia e desânimo do corpo parado tendem, entre outras consequências, a diminuir nossa vontade de cozinhar. Ao mesmo tempo, quando mexemos o corpo por prazer, pode ser mais fácil manter o hábito de se exercitar de forma sustentável ao longo do tempo, melhorando nossa autoestima e gerando mais disposição para ir à cozinha e encarar o fogão.
A linha entre o tudo e o nada é tênue. Ela carrega consigo sentimentos de culpa e de autodesvalorização quando se está no oposto das expectativas idealizadas, e tende a gerar um processo de espiral negativa e retroalimentação. Aproveite o momento de introspecção para avaliar os motivadores de suas ações em relação à comida e ao seu corpo.
Alimentar-se sem pensar na qualidade do que se consome, mas somente nos minutos necessários de preparação no micro-ondas, não é o que se deve priorizar. Da mesma forma, a obsessão por sempre comer de maneira saudável pode ser traiçoeira. O importante é ter equilíbrio. Cozinhar, exercitar-se, mas também se permitir um delivery nos momentos de lazer e desconcentração.
Texto escrito pela nutricionista Marcela Kotait.