Governo divulga novo protocolo do uso de cloroquina; veja o que muda

No SUS, droga passa a ser ofertada para pacientes com casos leves de covid-19

20/05/2020 10:51 / Atualizado em 21/05/2020 20:44

O Ministério da Saúde divulgou na manhã desta quarta-feira, 20, o novo protocolo do uso de cloroquina em pacientes diagnosticados com o novo coronavírus. A partir de agora, o SUS poderá administrar o medicamento mesmo em pessoas com sintomas leves. Antes, a indicação era só para casos graves.

O uso da droga fica sob a responsabilidade do médico, com a concordância do paciente, que precisará assinar um termo de autorização. O documento do Ministério da Saúde, que não traz a assinatura de nenhum responsável médico, deixa claro, no entanto, que não há comprovação científica do benefício da cloroquina.

Novo protocolo libera cloroquina em casos leves, mas paciente precisa concordar
Novo protocolo libera cloroquina em casos leves, mas paciente precisa concordar - Brasil2/istock

O documento ainda diz que a droga “deve ser usada com precaução em portadores de doenças cardíacas, hepáticas ou renais, hematoporfiria e doenças mentais”. Isso porque os efeitos colaterais da cloroquina são perigosos, especialmente para quem tem problemas no coração.

Em alguns países, houve casos de morte após o uso da droga.  No Brasil, por exemplo, um estudo  precisou ser interrompido após pacientes tratados com cloroquina virem a óbito.

 

Entidade médicas não recomendam

No momento em que o Ministério da Saúde amplia a autorização para o uso de cloroquina, sociedades médicas ligadas às áreas de tratamento da covid-19 assinam um documento conjunto não recomendando o uso de cloroquina, hidroxicloroquina e outros medicamentos como rotina no tratamento de pacientes com o novo coronavírus.

O documento traz as assinaturas de 27 especialistas da Associação de Medicina Intensiva Brasileira, da Sociedade Brasileira de Infectologia e da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia.

A justificativa é a ausência de resultados satisfatórios desses medicamentos no tratamento da covid-19. O documento é respaldado por 79 estudos e pesquisas nacionais e internacionais sobre o tema.


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Veja abaixo os pontos trazidos no novo protocolo do Ministério da Saúde sobre a utilização da cloroquina:

1. Apesar de serem medicações utilizadas em diversos protocolos e de possuírem atividade in vitro demonstrada contra o coronavírus, ainda não há meta-análises de ensaios clínicos multicêntricos, controlados, cegos e randomizados que comprovem o beneficio inequívoco dessas medicações para o tratamento da Covid-19. Assim, fica a critério do médico a prescrição, sendo necessária também a vontade declarada do paciente.

2. O uso das medicações está condicionado à avaliação médica, com realização de anamnese, exame físico e exames complementares, em Unidade de Saúde.

3. Os critérios clínicos para início do tratamento em qualquer fase da doença não excluem a necessidade de confirmação laboratorial e radiológica.

4. Contra-indicações absolutas ao uso da hidroxicloroquina: gravidez, retinopatia/maculopatia secundária ao uso do fármaco já diagnosticada, hipersensibilidade ao fármaco, miastenia grave.

5. Não há necessidade de ajuste da dose de hidroxicloroquina para insuficiência renal (somente se a taxa de filtração glomerular for menor que 15) ou insuficiência hepática. O risco de retinopatia é menor com o uso da hidroxicloroquina.

6. Não coadministrar hidroxicloroquina com amiodarona e flecainida.

7. Há interação moderada da hidroxicloroquina com: digoxina (monitorar), ivabradina e propafenona, etexilato de dabigatrana (reduzir dose de 220 mg para 110 mg), edoxabana (reduzir dose de 60 mg para 30 mg). Há interação leve com verapamil (diminuir dose) e ranolazina.

8. Em crianças, dar sempre prioridade ao uso de hidroxicloroquina pelo risco de toxicidade da cloroquina.

9. Cloroquina deve ser usada com precaução em portadores de doenças cardíacas, hepáticas ou renais, hematoporfiria e doenças mentais.

10. Cloroquina deve ser evitada em associação com: clorpromazina, clindamicina, estreptomicina, gentamicina, heparina, indometacina, tiroxina, isoniazida e digitálicos.

11. Para pacientes adultos hospitalizados e com sinais de gravidade considerar anticoagulação e pulso de corticóide.
12. Para pacientes adultos com sinais e sintomas moderados, considerar anticoagulação profilática se a oximetria estiver abaixo de 95% ou na presença de qualquer sinal respiratório (tosse, dispnéia etc.) na ausência de oximetria.

13. Para pacientes hospitalizados, observar e iniciar tratamento precoce para pneumonia nosocomial, conforme protocolo da Comissão de Controle de Infecções Hospitalares (CCIH) local.

14. Nos pacientes com deficiência ou presunção de deficiência de vitamina D, considerar a prescrição

15. Investigar e tratar anemia.

16. Zinco – Para pacientes adultos, considerar a administração de sulfato de zinco
concomitante ao tratamento com cloroquina/hidroxicloroquina + azitromicina
17. Monitorar o uso de anti-coagulantes.
18. Realizar monitoramento eletrocardiográfico
19. Exames laboratoriais de relevância na COVID-19:
• hemograma completo, TP e TTPA;
• PCR (de preferência ultra sensível);
• TGO, TGP, GGT, creatinina e uréia;
• Glicemia;
• ferritina, D-dímero, DHL;
• troponina / CK MB;
• vitamina D;
• Na/K/Ca/Mg;
• RT-PCR SARS-Cov-2;
• sorologia ELISA IGM IGG para SARS-Cov-2;
• teste molecular rápido para coronavírus.
20. Exames de imagem de relevância na COVID-19:
• ECG;
• TC TÓRAX