Ozonioterapia: saiba no que consiste a técnica e para que é usada
A terapia com ozônio é uma prática de caráter experimental no Brasil, que tem despertado polêmica em meio à pandemia
Depois de remédio para piolho e para malária, a ozonioterapia agora virou assunto do momento. A polêmica começou quando o prefeito de Itajaí, em Santa Catarina, Volnei Morastoni (MDB), sugeriu aplicação de ozônio via retal para pacientes com covid-19. Segundo ele, que é médico e foi diagnosticado com a doença, a terapia seria coadjuvante no tratamento.
Porém, entidades médicas brasileiras fazem alerta contra o uso e propagação da técnica. Segundo nota da Sociedade Brasileira de Infectologia, “até o presente momento, não há qualquer evidência científica que a ozonioterapia proteja contra a covid-19.”
A mesma postura é defendida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), que também emitiu uma nota com o mesmo alerta, reforçando que trata-se de procedimento “ainda em caráter experimental, cuja aplicação clínica não está liberada, devendo ocorrer apenas no ambiente de estudos científicos”.
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A nota informa ainda que os médicos que prescreverem ozonioterapia aos pacientes estão sujeitos à denúncias e averiguação de suas condutas.
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Mas, afinal, o que é ozonioterapia?
Os praticantes da terapia com ozônio aplicam formas gasosas ou líquidas do produto por diversas vias de administração, como endovenosa, intramuscular e retal, com finalidade terapêutica para diferentes condições médicas.
A mistura gasosa tem cerca de 5% de ozônio e 95% de oxigênio e é produzida por equipamentos chamados geradores de ozônio medicinal.
Em contato com o organismo, essa mistura seria capaz de melhorar da oxigenação dos tecidos, a circulação sanguínea e reduzir dor e inflamação. Além disso, o ozônio teria importantes propriedades bactericidas, fungicidas e antivirais.
Segundo os adeptos da técnica, não importa qual seja a doença, o sistema imunológico precisa de oxigênio para reagir contra os invasores do corpo, como bactérias, vírus, células cancerosas, e promover a cura.
O que causa espanto, no entanto, é o número de doenças que a ozonioterapia diz ser capaz de curar e tratar: mais de 200, sendo algumas graves, como câncer e pneumonia.
Um estudo revisado em 2011 relata que a terapia com ozônio teve efeitos terapêuticos nos seguintes usos:
- tratamento de artrite
- Combate ao HIV e SARS
- Desinfecção de feridas
- Fortalecimento do sistema imunológico
- Tratamento de doença isquêmica do coração
- Tratamento de degeneração macular
- Tratamento do câncer
Até agora, entretanto, não dá para assegurar a eficácia e segurança da terapia.
Terapia de ozônio e o sistema imunológico
Um sistema imunológico funcionando normalmente produz ozônio e outros antioxidantes para eliminar os agentes patogênicos, como vírus e bactérias, mas quando ele está sem oxigênio, fica impossibilitado de de realizar essa tarefa.
Assim, segundo a ozonioterapia, ao introduzir ozônio no corpo, ele pode entrar nas células do sistema imunológico e fazer com que ele volte a funcionar adequadamente.
Além disso, a substância seria capaz de acionar o metabolismo dos glóbulos vermelhos e melhorar a liberação de oxigênio perto dos tecidos que mais precisam.
Origem da ozonioterapia
De acordo com a Associação Brasileira de Ozonioterapia, o ozônio foi descoberto em 1840 e começou a ser utilizado na área da saúde ainda no século XIX, por médicos alemães. O procedimento passou a ser difundido em toda a Europa, no Canadá, México, China, em 23 estados dos EUA e Cuba.
Alguns desses países, usam a ozonioterapia tópica e sistêmica, que serve para tratamento de feridas e doenças, como: pé diabético, hérnias discais, dores crônicas, acidentes vasculares e infecções por herpes de difícil controle.
Hoje, a Ozonioterapia já faz parte dos tratamentos pagos pelos planos de saúde dos governos, como é o caso da Alemanha.
Porém, em 2019, a Food and Drug Administration (FDA) – órgão norte-americano que faz o controle de medicamentos e alimentos – alertou contra o uso da terapia com ozônio.
O motivo é o mesmo que deixa entidade médicas brasileiras com o pé atrás: a falta de um volume suficiente de trabalhos científicos para concluir que é eficaz ou segura para uso médico.