Com o que brasileiros andam sonhando na quarentena? Estudo analisa
Pesquisadores analisam relatos de pessoas no Instagram para descobrir como a pandemia afeta o nosso lado inconsciente
Dormir não tem sido fácil para muitos durante essa quarentena. A preocupação, a falta de rotina e de exercícios físicos colocam em cheque a qualidade do sono. Mais do que isso, o momento de trauma coletivo pode afetar nossa psique e refletir em sonhos. É o que levanta um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que tenta analisar com o que as pessoas andam sonhando.
E como está sendo feito isso?
Para descobrir o que se passa na mente das pessoas enquanto estão sonhando, os pesquisadores recorreram ao Instagram. Isso mesmo! Eles estão colhendo os relatos de sonhos dos usuários da rede. Eles explicam sua proposta e disponibilizam um formulário através do qual os interessados podem narrar seus sonhos e fazer associações de maneira livre. A partir disso, eles analisam essas narrativas do ponto de vista psicanalítico.
E por que isso importa? Porque é nos sonhos que nosso cérebro trabalha para colocar as informações em ordem e elaborar o que não compreendemos enquanto estamos acordados.
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“O sonho é um laboratório em que a mente trabalha, elabora, sem as censuras da vida consciente, o material experimentado pelos sujeitos. Então nossos medos, nossas angústias, desejos, frustrações, etc. são encenados, como se fossem projetados numa tela de cinema, ou em várias”, explica o coordenador da pesquisa na UFMG, professor Gilson Iannini, do Departamento de Psicologia.
É por isso, segundo o especialista, que os sonhos parecem conferir algum sentido à realidade, mesmo uma tão surreal quanto a da pandemia.
O estudo da UFMG é realizado em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) e com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS). Essas duas últimas trabalham na pesquisa com um recorte: analisar sonhos de trabalhadores da saúde e da educação. Já a UFMG não limita o trabalho em nenhum grupo específico.
O interessante do estudo é que – além da coleta dos sonhos – os pesquisadores psicanalistas da UFMG oferecem, àqueles que quiserem, suporte via telefone ou WhatsApp, com escuta mais aprofundada, que pode aliviar as aflições do momento.
Até o momento, já foram colhidos quase 200 sonhos, dos quais aproximadamente 30 contaram com a escuta individualizada.
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Teoria que embasa o estudo
Como referencial teórico, estão os livros “A Interpretação dos Sonhos”, de Sigmund Freud, e “Sonhos no Terceiro Reich”, da jornalista alemã judia Charlotte Beradt. A autora coletou, entre 1933 e 1939, mais de 300 sonhos daqueles que vivenciavam o momento histórico da ascensão do nazifascismo.
Também vem sendo peça chave um estudo da assistente social e psicoterapeuta Martha Crawford, que coletou e publicou cerca de 3.000 sonhos que tinham o presidente americano Donald Trump como personagem.