Reitora da Unifesp diz que não pode apressar vacina de Oxford e pede calma
Universidade estuda a possibilidade de iniciar os testes com uma segunda vacina, dessa vez italiana
Apesar da expectativa grande em cima da vacina de Oxford que começou a ser testada em São Paulo, é preciso ter calma, segundo Soraya Smaili, reitora da Unifesp, universidade que comanda os estudos clínicos com o imunizante na capital paulista.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, ela lembrou que o estudo de uma vacina demora até um ano e apressá-lo pode ser muito precipitado. “É preciso que tenhamos o pé no chão para não criar falsas expectativas, pois não adianta correr e o resultado ser inconclusivo”, disse ao jornal.
Depois de iniciado os testes com a vacina em voluntários brasileiros, houve por aqui um sentimento de otimismo na população e nos próprios estudiosos, que disseram que se os resultados forem positivos suficiente, pode ser que uma vacina saia ainda neste ano. Porém, Smaili deixa claro que é preciso cumprir todas as exigências de protocolo para o desenvolvimento de um vacina.
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No mundo todo, há cerca de 130 estudos com vacina contra o novo coronavírus, mas apenas 13 que estão em fase avançada de testes em humanos, incluindo a de Oxford.
Testes no Brasil
A aplicação da vacina começou no dia 19 de junho em São Paulo. Nessa primeira etapa, foram imunizados apenas profissionais da saúde, já que esses estão mais expostos ao vírus, o que inclui médicos, enfermeiros, motoristas de ambulância e outros funcionários de hospitais.
Dois mil voluntários serão testados em São Paulo e outros mil no Rio de Janeiro, pela Rede D’Or. Todos os participantes devem ter idades entre 18 e 55 anos e ser soronegativos, ou seja, que ainda não contraíram a doença.
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No início do mês, a Unifesp informou que os testes com voluntários brasileiros contribuirão para o registro da vacina no Reino Unido, previsto para o fim deste ano. O registro formal, entretanto, só ocorrerá após o fim dos estudos em todos os países participantes, segundo a universidade.
A reitora da Unifesp adiantou à Folha de S. Paulo que há possibilidade de o Brasil também testar uma vacina desenvolvida na Itália. Só que esse imunizante está mais atrasado, ainda na primeira fase clínica, enquanto o de Oxford está na fase 3.
Como é a vacina de Oxford?
A vacina de Oxford chamada ChAdOx1 nCoV-19 é produzida a partir de uma versão enfraquecida de um adenovírus que causa resfriado em chimpanzés, mas que não adoece humanos. A esse material foi adicionada a proteína spike do novo coronavírus em uma versão enfraquecida.
O objetivo é promover uma resposta imune do corpo a essa proteína, criando anticorpos capazes de proteger quem foi vacinado de ser infectado pelo coronavírus. Por usar uma sequência genética e não propriamente o vírus, essa vacina é considerada mais segura.
O Brasil é o primeiro país fora do Reino Unido a iniciar testes com a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e um dos motivos que levaram à escolha foi o fato de a pandemia estar em ascensão no país.