Urgente abandonar hidroxicloroquina, diz Sociedade Brasileira de Infectologia

De acordo com a entidade, a droga não tem efeito no tratamento da covid-19

17/07/2020 21:24

A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) divulgou, nesta sexta-feira, 17, um novo posicionamento afirmando ser urgente abandonar o uso da hidroxicloroquina no tratamento da covid-19. A entidade citou estudos publicados na quinta-feira, 16, para alertar que a droga deixe de ser utilizada por pacientes em qualquer fase da doença, inclusive na sua prevenção.

Urgente abandonar hidroxicloroquina, diz Sociedade Brasileira de Infectologia
Urgente abandonar hidroxicloroquina, diz Sociedade Brasileira de Infectologia - Liliboa/istock

A Sociedade Brasileira de Infectologia avalia que “dois estudos clínicos robustos” publicados em “revistas médicas prestigiosas” (veja os links abaixo) avaliaram o uso do medicamento no tratamento precoce. Os estudos comprovaram que a droga não foi eficaz e ainda trouxe complicações aos pacientes.

Diante dos novos estudos, a entidade lista como “urgente e necessário”: “Que a hidroxicloroquina seja abandonada no tratamento de qualquer fase da Covid-19”, que “os agentes públicos, incluindo municípios, estados e Ministério da Saúde reavaliem suas orientações de tratamento, não gastando dinheiro público em tratamentos que são comprovadamente ineficazes e que podem causar efeitos colaterais” e “que o recurso público seja usado em medicamentos que comprovadamente são eficazes e seguros para pacientes com covid-19 e que estão em falta”.


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Governo Bolsonaro na contramão da ciência

Na quinta-feira, o Ministério da Saúde enviou um ofício à Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), no Rio de Janeiro, pedindo que a instituição indique e promova amplamente no SUS o tratamento com uso de cloroquina e hidroxicloroquina para pacientes de covid-19, já nos primeiros dias de sintomas.

O ofício, que também é endereçado ao Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI) e ao Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira, foi assinado pelo secretário de Atenção Especializada à Saúde, Luiz Otavio Franco Duarte.

O documento diz que a medicação faz parte de estratégia do Ministério da Saúde para reduzir o número de casos que cheguem a necessitar de internação hospitalar.

A recomendação pelo uso da hidroxicloroquina, no entanto, vai contra as evidências científicas, que até agora mostraram que as drogas não só não possuem benefício contra a doença, como também podem agravar quadros de pacientes internados e causar a morte.