Menina com hepatite sobrevive após receber parte do fígado do pai
Casos da doença aguda em crianças tem sido cada vez mais relatados em diferentes países. Ainda não se sabe o que está provocando
Uma menina de 3 anos chamada Lola-Rose Raine foi uma das crianças do Reino Unido que precisaram de transplante de fígado depois de ser diagnosticada com hepatite de origem desconhecida.
A menina recebeu parte do órgão do pai, Alan Raine, que, por sorte foi compatível.
Ele contou em entrevista ao jornal inglês The Mirror que a menina começou a presentar episódios de vômitos, mas os pais pensaram se tratar de problema gastrointestinal.
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Mais tarde, no entanto, os olhos da menina começaram a ficar com a coloração amarelada, o que o fizeram procurar atendimento médico.
Já internada no hospital, o fígado da criança começou a falhar, forçando os médicos a colocá-la em coma e remover o órgão doente. Segundo o pai, ela teria apenas algumas horas de vida se não realizasse o transplante.
Raine, então, fez exames para saber se seu órgão seria compatível e foi informado sobre os riscos do procedimento. “Eles poderiam ter me dito que eu não sobreviveria à cirurgia e ela sim, e eu teria ido em frente com isso”, disse ele ao The Mirror.
Quase um mês após o transplante, Lola-Rose se recuperou totalmente e já teve alta do hospital.
Surto de hepatite
Lola-Rose Raine é uma das centenas de crianças que já foram diagnosticadas com hepatite de origem desconhecida em pelo menos 20 países.
O atual surto está sendo investigado por autoridades de saúde de várias partes do mundo, juntamente com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Os casos da doença em crianças começaram a aparecer em abril no Reino Unido. O que chamou logo a atenção é que hepatite grave, como as do surto atual, são incomuns em crianças.
Além disso, os vírus típicos da hepatite não foram detectados em nenhum caso até agora, o que torna a origem misteriosa.
A hipótese mais forte até agora é que os casos possam estar ligados ao adenovírus do tipo 41, comumente associados a resfriados, mas que também podem causar pneumonia, diarreia e conjuntivite.
Esse vírus, segundo a OMS, foi detectado em pelo menos 74 crianças com a inflamação no fígado.
Embora esse adenovírus já tenha sido associado à hepatite em crianças com sistema imunológico enfraquecido, ele “não é conhecido por ser uma causa de hepatite em crianças saudáveis”, de acordo com o alerta do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC).
Sintomas
A maioria das crianças com a doença tem menos de cinco anos. Os primeiros sintomas geralmente incluem diarreia seguida de icterícia (condição que deixa a pele o branco do dos olhos amarelados).
Outro sintoma importante de hepatite aguda é a dor intensa quando o abdômen é tocado. Essa sensibilidade é sentida na parte superior direita, que é onde o fígado está localizado.
De acordo com a Agência de Segurança Sanitária do Reino Unido (UKHSA), onde foram registrados maior número de casos, os sintomas de inflamação no fígado mais observados em crianças até agora foram:
Icterícia (71%)
Vômitos (63%)
Fezes pálidas (50%)
Diarreia (45%)
Náusea (31%)
Dor abdominal (42%)
Letargia (cansaço) (50%)
Febre (31%)
Sintomas respiratórios (19%)