Morte por varíola do macaco no Brasil é a primeira fora da África

O país tem pelo menos 1.066 casos da doença, a maioria em São Paulo e no Rio de Janeiro

Nesta sexta-feira, o Ministério da Saúde confirmou a primeira morte por varíola do macaco no Brasil. Essa é também a primeira que acontece fora da África, no atua surto.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) de janeiro até o dia 22 de julho, cinco mortes foram registradas no mundo pela doença, todas no continente africano, sendo três vítimas na Nigéria e duas na República Centro-Africana.

Morte por varíola do macaco no Brasil é a primeira fora da África no atual surto
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Morte por varíola do macaco no Brasil é a primeira fora da África no atual surto

A morte registrada no Brasil é de um homem de 41 anos, que apresentava baixa imunidade e comorbidades, incluindo um quadro de linfoma, câncer no sistema linfático, que levaram ao agravamento clínico.

A causa do óbito foi apontada como choque séptico, agravada pela infecção pelo vírus Monkeypox.

A primeira morte por varíola nas Américas ocorreu menos de uma semana depois que a OMS declarou o surto uma emergência de saúde global, seu nível mais alto de alerta.

Situação no Brasil

De acordo com o boletim mais recente do ministério, 1.066 casos da doença foram registrados no país, a maioria em São Paulo e no Rio de Janeiro.

São Paulo confirma 3 crianças com varíola do macaco
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São Paulo confirma 3 crianças com varíola do macaco

A situação chama a atenção da Organização Mundial da Saúde, que a vê com preocupação, especialmente pela falta de testes o suficiente.

“Certamente, [a varíola do macaco] é muito preocupante para países como o Brasil, de população grande, geograficamente extenso, e agora também com um número significativo de casos”, afirmou a líder técnica sobre varíola do macaco do Programa de Emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS), Rosamund Lewis.

Como ocorre  transmissão?

O surto atual é preocupante porque não é típico de surtos anteriores. Estudos estão em andamento para entender melhor a epidemiologia, fontes de infecção e padrões de transmissão. Ainda não está claro, por exemplo, se a varíola do macaco pode ser transmitida por via sexual. Estudos são necessários para entender melhor esse risco.

Mas o que se sabe até agora é que o vírus da doença é transmitido por contato próximo com lesões, fluidos corporais, gotículas respiratórias e materiais contaminados, como roupas de cama.

O período de incubação do vírus (momento da exposição até o surgimento dos primeiros sintomas) é geralmente de seis a 13 dias, mas pode variar de cinco a 21 dias.

Sintomas

A Organização Mundial da Saúde (OMS) observou que a grande maioria dos casos tem apresentado erupção cutânea, além de febre, fadiga, dores musculares, vômitos, diarreia, calafrios, dor de garganta ou dor de cabeça.

Mas o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, chama atenção para uma apresentação diferente da doença nos casos recentes.

Erupção cutânea é a principal característica da varíola do macaco
Créditos: reprodução/twitter/Harun Tulunay
Erupção cutânea é a principal característica da varíola do macaco

Antes essas lesões apareciam de forma espalhada pelo corpo e em grande quantidade, agora isso não tem acontecido em todos os casos. Em vez disso, algumas pessoas diagnosticadas com varíola do macaco estão apresentando uma única mancha ou bolha.

Outros pacientes desenvolvem uma erupção cutânea localizada, muitas vezes ao redor dos órgãos genitais ou do ânus, antes de apresentarem quaisquer sintomas semelhantes aos da gripe. “E alguns nem desenvolveram esses sintomas semelhantes aos da gripe”, disse a diretora dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), Rochelle Walensky, disse em um comunicado à imprensa.

Ainda segundo o CDC, muitos também não apresentaram linfonodos inchados, que é um sintoma padrão da varíola do macaco.

Recém-nascidos, crianças, mulheres grávidas e pessoas com deficiências imunológicas podem estar em risco de sintomas mais graves e, em casos raros, de morte.