Transtornos alimentares: o que muda diante da pandemia?
Viver com um transtorno alimentar em época de quarentena e isolamento social tende a ser ainda mais difícil e desafiador
No próximo dia 2 de junho, comemora-se o Dia Mundial de Conscientização Sobre os Transtornos Alimentares. Para muitos que travam uma batalha com a anorexia nervosa, bulimia nervosa, transtorno de compulsão alimentar ou algum outro distúrbio, essa data será mais importante do que a de anos anteriores. Isso porque viver com um transtorno alimentar em época de quarentena e isolamento social tende a ser ainda mais difícil e desafiador. Mas, afinal, o que são transtornos alimentares? De que maneira seus perigos são potencializados pela pandemia e pela própria quarentena?
Transtornos alimentares são doenças psiquiátricas sérias, caracterizadas por uma preocupação excessiva e persistente em relação à alimentação e ao peso corporal. Comportamentos disfuncionais focados na busca por emagrecimento e controle da ingestão alimentar, por exemplo, são característicos desses transtornos. Os pensamentos obsessivos em relação ao que se come, quanto se come e eventuais alterações dos números da balança são potencializados pela maior disponibilidade de comida em casa, à menor intensidade das atividades físicas diárias, e ao aumento do tempo livre.
Para mantermos o equilíbrio nutricional, independentemente de lidarmos ou não com transtornos alimentares, é preciso planejar as compras de alimentos; manter-se atento aos sinais corporais – como honrar a fome e respeitar a saciedade –; e construir uma rotina básica de alimentação fracionada, contemplando todos os grupos de nutrientes e buscando um maior entendimento do complexo ato de comer.
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Relação transtornos alimentares e covid-19
Ainda que não hajam estudos conclusivos sobre o assunto, é possível que pessoas com transtornos alimentares apresentem complicações mais graves se forem infectadas pela covid-19. Nos casos de anorexia nervosa, onde a restrição alimentar e desnutrição são comuns, isso pode ocorrer por causa da baixa imunidade e da fragilidade do funcionamento do corpo das pessoas que lidam com a doença. Nos casos de bulimia nervosa, grande oscilação de peso e métodos purgativos também podem trazer maiores riscos frente ao vírus, graças, principalmente, às consequências cardíacas resultantes desse distúrbio alimentar. Para aqueles que sofrem de episódios de compulsão alimentar frequentes e intensos, a obesidade também tem se apresentado como um risco diante do coronavírus.
Os transtornos alimentares não escolhem gênero, idade, classe social ou características físicas; pela sua complexidade e gravidade, requerem atenção e cuidado. Portanto, se você percebe comportamentos disfuncionais e/ou compensatórios em relação à comida; preocupações excessivas com seu peso corporal – que já existiam, aumentaram ou apareceram durante a quarentena -, busque ajuda! O tratamento nutricional, psicoterápico e psiquiátrico especializados pode ser suficiente para a diminuição do sofrimento causado pela doença, além de resultar em uma relação mais verdadeiramente saudável com o ato de comer e com as formas corporais.
Texto escrito pela nutricionista Marcela Kotait.