Vacina de gotinha da pólio pode ajudar a proteger contra coronavírus
Estudo conclui que a vacina pode fortalecer o sistema imunológico temporariamente e ajudar evitar a infecção
Enquanto uma vacina contra o novo coronavírus não é criada, cientistas do mundo todo têm estudado a possibilidade de usar os imunizantes ou remédios já existentes no mercado para auxiliar de alguma maneira no tratamento e prevenção da covid-19. O mais recente exemplo disso é um estudo publicado na revista científica Science que defende o uso da vacina de gotinha da pólio contra a covid-19.
De acordo com os pesquisadores do Instituto de Virologia Humana da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, a vacina oral contra o poliovírus poderia dar uma resposta imunológica geral que seria capaz de ajudar o corpo a combater os invasores, evitando assim, uma variedade de infecções, incluindo as respiratórias.
No entanto, esse poder protetor não seria permanente, mas sim temporário. Isso, segundo os autores do estudo, já ajudaria a ganhar tempo até que um imunizante contra o novo coronavírus chegue ao mercado.
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Se de fato as gotinhas contra pólio têm mesmo esse poder contra o coronavírus ainda não se pode afirmar, e é por isso que os pesquisadores pedem que sejam realizados testes clínicos para testar essa hipótese.
A evidência mais forte até agora sobre o poder de vacinas para doenças específicas contra outros vírus é de um estudo controlado de três anos realizado na Rússia, na década de 1960. Foi quando os pesquisadores concluíram que administrar doses do imunizante oral contra o poliovírus reduziu em três vezes as mortes por influenza sazonal e doenças respiratórias agudas em adultos.
Testes no Brasil
Apesar de ainda não estar clara a eficácia da vacina oral conta pólio na prevenção do coronavírus, a possibilidade do uso dela tem sido considerada no mundo todo. Aqui no Brasil, pesquisadores da equipe do Hospital Professor Polydoro Ernani de São Thiago, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) pretendem testá-la.
Em entrevista à Agência Brasil, o coordenador da pesquisa, Edison Fedrizzi, explicou que como essa não é uma vacina contra o coronavírus, o corpo não irá produzir anticorpos contra ele, mas, sim, estimular uma primeira etapa de defesa do organismo. “O que queremos é fazer uma barreira protetora, inicial, para que o indivíduo não desenvolva a infecção, caso entre em contato com o vírus. Pensamos que poderíamos, também através desse estímulo de defesa, diminuir a gravidade da doença”, afirmou.
Para avaliar se o método é eficaz, o grupo de pesquisadores da UFSC pretende selecionar 300 voluntários, todos trabalhadores da área da saúde, grupo mais exposto à covid-19. Metade deles irá receber a vacina oral de poliomielite (VOP) e a outra metade receberá placebo.
De acordo com o pesquisador, como vacina emergencial, foram consideradas outras duas opções: a BCG, que protege contra tuberculose, e a de sarampo. Ambas também já estão sendo testadas por cientistas. “Todas têm como característica o microorganismo vivo, mas atenuado. Esses tipos de vacina provocam uma resposta imunológica, essa que nós queremos estimular, a inata, muito grande, importante, diferente de outras vacinas, em que temos apenas a proteína ou o microorganismo morto, como a de hepatite, a do HPV”, esclareceu Fedrizzi.
Com informações da Agência Brasil.
Veja abaixo outras vacinas em curso contra o novo coronavírus: