Vírus da varíola do macaco resiste em sêmen por 19 dias, diz estudo

A descoberta se baseou em um paciente de 39 anos da Itália

Um novo estudo publicado na revista Lancet Infectious Diseases mostra que o vírus da varíola do macaco (monkeypox) pode persistir no sêmen por semanas após a recuperação.

O estudo se baseou em um caso de um homem de 39 anos e foi liderado por pesquisadores do Instituto Lazzaro Spallanzani, que é a maior referência no combate a doenças infecciosas na Itália.

“Nossas descobertas suportam que a liberação prolongada do DNA do vírus da varíola dos macacos pode ocorrer no sêmen de pacientes infectados por semanas após o início dos sintomas”, disse Francesca Colavita, pesquisadora do Laboratório de Virologia do Instituto Nacional de Doenças Infecciosas ‘Lazzaro Spallanzani’ (IRCCS), uma das autoras do estudo.

Estudo descobre que vírus da varíola do macaco pode resistir por semanas no sêmen
Créditos: Halfpoint/istock
Estudo descobre que vírus da varíola do macaco pode resistir por semanas no sêmen

A equipe investigou a disseminação viral em amostras de sêmen do paciente, que tem HIV, coletadas de 5 a 19 dias após o início dos sintomas e percebeu uma forte persistência do patógeno no material, onde permaneceu até o último dia de análises, ainda que em quantidades mínimas no fim.

“O caso discutido aqui apoia que a transmissão do vírus da varíola dos macacos durante a atividade sexual pode ser uma via viável e reconhecida, especialmente no atual surto da doença em 2022”, disse Colavita, acrescentando que “a eliminação prolongada de DNA viral, mesmo em baixas cópias virais, pode sugerir um possível reservatório genital”.

No entanto, “uma vez que o paciente era um respondedor viro-imunológico infectado pelo HIV, não podemos excluir inteiramente a possibilidade de um efeito da desregulação imunológica crônica associada ao HIV na eliminação prolongada do vírus da varíola dos macacos no sêmen”, acrescentou.

Nenhum DNA do vírus da varíola do macaco foi detectado em amostras de urina e sangue, sugerindo ausência de contaminação cruzada de sêmen de outras fontes potenciais.

A transmissão da varíola do macaco ocorre principalmente a partir do contato com as lesões, o que naturalmente acontece no sexo
Créditos: Halfpoint/istock
A transmissão da varíola do macaco ocorre principalmente a partir do contato com as lesões, o que naturalmente acontece no sexo

Apesar dessa descoberta, a doença ainda não é considerada uma infecção sexualmente transmissível (IST). Mais estudos estão sendo feitos para entender o papel potencial da transmissão por sêmen na disseminação da infecção por varíola do macaco.

O que se sabe é que a transmissão da doença no atual surto tem ocorrido principalmente a partir do contato pele  pele com lesões durante o sexo.