Homem relata batalha contra varíola do macaco: ‘dor insuportável’
Inglês foi internado após o aparecimento de uma lesão no nariz, que ele inicialmente pensou que fosse acne
Embora a maioria dos casos de varíola do macaco (monkeypox) apresente quadro leve, um homem de 35 anos, que mora em Londres e trabalha no serviço de saúde sexual, acabou precisando de tratamento urgente no hospital após episódios de dor.
O primeiro sintoma apareceu em junho, quando Harun Tulunay teve febre. No começo, ele pensou que fosse covid-19, mas depois os sintomas começaram a preocupar.
“Meus gânglios linfáticos estavam doloridos, muito doloridos e inchados. Minha febre subiu para 39,6°C. Eu estava tomando ibuprofeno e analgésicos para não tremer. No dia 5, eu simplesmente deitei no sofá, incapaz de me mexer, incapaz de dormir. Eu me sentia sozinho e a dor era insuportável.”
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Só quando apareceu uma bolha em seu nariz, ele foi encaminhado para o teste de varíola do macaco. Neste momento, ele também já não conseguia mais engolir comida e líquidos.
“Quando me olhei no espelho, notei uma pequena lesão no nariz, mas não pensei muito nisso e não tinha ideia de que poderia ser varíola. Eu pensei que era acne ou algo assim”, relembrou.
“Depois que meus testes para varíola deram positivo, fui enviado para uma ala de isolamento em outro hospital especializado em doenças infecciosas. Tudo o que senti foi alívio porque agora eu sabia o que tinha. Mas eu ainda estava com medo porque, embora eu seja um defensor da saúde sexual, nunca pensei que a varíola pudesse ser tão grave. O nível de dor me surpreendeu. Eu também percebi o quão sozinho eu estava. Eu não podia ter amigos ou familiares me visitando. Eu pensei que se eu morresse dessa doença, eu morreria sozinho.”
Tratamento
Durante 10 dias, Harun foi tratado com tecovirimat, um agente antiviral desenvolvido para varíola e agora licenciado para varíola do macaco pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA).
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), são necessários mais dados internacionais sobre sua eficácia desse tratamento para a varíola do macaco em humanos.
Segundo Harun, que teve alta, essa foi a pior experiência de todos os tempos nas últimas semanas. “Foi pior que a covid e tive isso duas vezes. Queria compartilhar minha história para conscientizar as pessoas e normalizar a conversa sobre a varíola. Meu caso é realmente raro – a pessoa que me transmitiu isso era muito leve – ele tinha algumas lesões, mas não estava tão doente quanto eu”, disse.
Transmissão
O surto atual é preocupante porque não é típico de surtos anteriores. Estudos estão em andamento para entender melhor a epidemiologia, fontes de infecção e padrões de transmissão. Ainda não está claro, por exemplo, se a varíola do macaco pode ser transmitida por via sexual. Estudos são necessários para entender melhor esse risco.
Mas o que se sabe até agora é que o vírus da doença é transmitido por contato próximo com lesões, fluidos corporais, gotículas respiratórias e materiais contaminados, como roupas de cama.
O período de incubação do vírus (momento da exposição até o surgimento dos primeiros sintomas) é geralmente de seis a 13 dias, mas pode variar de cinco a 21 dias.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) observou que a grande maioria dos casos tem apresentado erupção cutânea, além de febre, fadiga, dores musculares, vômitos, diarreia, calafrios, dor de garganta ou dor de cabeça.
Mas o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, chama atenção para uma apresentação diferente da doença nos casos recentes.
Antes essas lesões apareciam de forma espalhada pelo corpo e em grande quantidade, agora isso não tem acontecido em todos os casos. Em vez disso, algumas pessoas diagnosticadas com varíola do macaco estão apresentando uma única mancha ou bolha.
Outros pacientes desenvolvem uma erupção cutânea localizada, muitas vezes ao redor dos órgãos genitais ou do ânus, antes de apresentarem quaisquer sintomas semelhantes aos da gripe. “E alguns nem desenvolveram esses sintomas semelhantes aos da gripe”, disse a diretora dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), Rochelle Walensky, disse em um comunicado à imprensa.
Ainda segundo o CDC, muitos também não apresentaram linfonodos inchados, que é um sintoma padrão da varíola do macaco.
O que se sabe até o momento é que cerca de 10% dos pacientes foram internados para tratamento ou isolamento, e apenas um paciente foi internado em UTI. A OMS também confirma cinco mortes, todas na África.
Recém-nascidos, crianças, mulheres grávidas e pessoas com deficiências imunológicas podem estar em risco de sintomas mais graves e, em casos raros, de morte.