Revisão de casos aponta para novos sintomas da varíola do macaco
Pesquisadores explicam que os sintomas clínicos atuais podem ser facilmente confundidos com outras doenças e atrasar o diagnóstico
Uma revisão de casos abrangendo 16 países publicada nesta semana aponta para novos sintomas da varíola do macaco, que não são reconhecidos pelas definições atuais da doença.
Já se sabe que a varíola do macaco provoca uma doença semelhante à gripe, com erupção cutânea se espalhando no rosto e corpo nos dias seguintes.

Porém, os casos atuais mostram que muitos apresentam lesões genitais únicas e feridas na boca ou ânus.
De acordo com John Thornhill, consultor de saúde sexual e professor da Queen Mary University of London, que liderou o estudo, uma em cada dez pessoas tinha apenas uma única lesão de pele na área genital, e 15% tinham dor anal e/ou retal.
As descobertas corroboram as de uma análise recente de casos de Londres, publicada no British Medical Journal. Enquanto que as lesões de pele nos genitais parecem ser mais comuns neste surto, a febre e cansaço são menos.
Confusão no diagnóstico
Os sintomas clínicos atuais são semelhantes aos das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e podem facilmente levar a erros de diagnóstico.
É por isso, destacam os pesquisadores, que é tão importante que esses novos sintomas clínicos sejam reconhecidos e os profissionais de saúde sejam instruídos sobre como identificar e gerenciar a doença.

“É importante ressaltar que a varíola não é uma infecção sexualmente transmissível no sentido tradicional; pode ser adquirido através de qualquer tipo de contato físico próximo”, explica pesquisador John Thornhill.
“No entanto, nosso trabalho sugere que a maioria das transmissões até agora tem sido relacionada à atividade sexual – principalmente, mas não exclusivamente, entre homens que fazem sexo com homens”, completa.
Thornhill destaca que já foi encontrado o vírus da varíola dos macacos em uma grande proporção de amostras de sêmen testadas de pessoas com a doença.
“No entanto, isso pode ser incidental, pois não sabemos se está presente em níveis altos o suficiente para facilitar a transmissão sexual. Mais trabalho é necessário para entender isso melhor”, afirma.