São Paulo confirma 3 crianças com varíola do macaco

Esses são os primeiros registros infantis da doença no Brasil

29/07/2022 10:55

A Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo informou na quinta-feira, 28, que a capital paulista registra os três primeiros casos de varíola do macaco em crianças.

Segundo o comunicado da prefeitura, elas estão sendo monitoradas e não apresentam sintomas graves da doença.

São Paulo confirma 3 crianças com varíola do macaco
São Paulo confirma 3 crianças com varíola do macaco - Vertigo3d/istock

“Desde os primeiros alertas da OMS para a doença, a SMS instituiu protocolos para toda a rede pública e privada para o atendimento dos casos suspeitos. O órgão está com toda a operação de atendimento, diagnóstico e monitoramento em pleno funcionamento”, diz a nota.

A prefeitura também informa que atendimento para os casos suspeitos da doença está disponível em toda a rede municipal de saúde, como Unidades Básicas de Saúde (UBSs), pronto-socorros e pronto atendimentos.

“A rede foi capacitada e conta com insumos para coleta de amostras das lesões cutâneas (secreção ou partes da ferida seca) para análise laboratorial”, afirma.

Situação no Brasil

O último balanço do Ministério da Saúde aponta para o total de 978  casos de varíola do macaco no país. A maioria das infecções foi registrada no estado de São Paulo, que soma 744 casos.

Em seguida, aparecem Rio de Janeiro, com 117 notificações e Minas Gerais, com 44.

O Brasil é o sexto país no mundo com mais casos. A situação chama a atenção da Organização Mundial da Saúde, que a vê com preocupação, especialmente pela falta de testes o suficiente.

“Certamente, [a varíola do macaco] é muito preocupante para países como o Brasil, de população grande, geograficamente extenso, e agora também com um número significativo de casos”, afirmou a líder técnica sobre varíola do macaco do Programa de Emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS), Rosamund Lewis.

Como ocorre  transmissão?

O surto atual é preocupante porque não é típico de surtos anteriores. Estudos estão em andamento para entender melhor a epidemiologia, fontes de infecção e padrões de transmissão. Ainda não está claro, por exemplo, se a varíola do macaco pode ser transmitida por via sexual. Estudos são necessários para entender melhor esse risco.

Mas o que se sabe até agora é que o vírus da doença é transmitido por contato próximo com lesões, fluidos corporais, gotículas respiratórias e materiais contaminados, como roupas de cama.

O período de incubação do vírus (momento da exposição até o surgimento dos primeiros sintomas) é geralmente de seis a 13 dias, mas pode variar de cinco a 21 dias.

Sintomas

A Organização Mundial da Saúde (OMS) observou que a grande maioria dos casos tem apresentado erupção cutânea, além de febre, fadiga, dores musculares, vômitos, diarreia, calafrios, dor de garganta ou dor de cabeça.

Mas o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, chama atenção para uma apresentação diferente da doença nos casos recentes.

Erupção cutânea é a principal característica da varíola do macaco
Erupção cutânea é a principal característica da varíola do macaco - reprodução/twitter/Harun Tulunay

Antes essas lesões apareciam de forma espalhada pelo corpo e em grande quantidade, agora isso não tem acontecido em todos os casos. Em vez disso, algumas pessoas diagnosticadas com varíola do macaco estão apresentando uma única mancha ou bolha.

Outros pacientes desenvolvem uma erupção cutânea localizada, muitas vezes ao redor dos órgãos genitais ou do ânus, antes de apresentarem quaisquer sintomas semelhantes aos da gripe. “E alguns nem desenvolveram esses sintomas semelhantes aos da gripe”, disse a diretora dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), Rochelle Walensky, disse em um comunicado à imprensa.

Ainda segundo o CDC, muitos também não apresentaram linfonodos inchados, que é um sintoma padrão da varíola do macaco.

O que se sabe até o momento é que cerca de 10% dos pacientes foram internados para tratamento ou isolamento, e apenas um paciente foi internado em UTI. A OMS também confirma cinco mortes, todas na África.

Recém-nascidos, crianças, mulheres grávidas e pessoas com deficiências imunológicas podem estar em risco de sintomas mais graves e, em casos raros, de morte.