Vacina contra a varíola do macaco: o que você precisa saber
Enquanto países europeus já iniciaram a vacinação contra a doença, o Brasil - que não possui estoque - estuda uma produção nacional do imunizante
À medida que os casos de varíola do macaco (monkeypox) aumentam, cresce a preocupação e a corrida por vacina.
Embora não exista ainda um imunizante direcionado para a doença, a OMS ressalta que a vacina contra a varíola tradicional (smallpox), que foi erradicada na década de 1970, é até 85% eficaz para prevenir casos da varíola do macaco.
Como o epicentro do atual surto é a Europa, alguns países se adiantaram e estão oferecendo a vacina. É o caso do Reino Unido, Alemanha e Canadá que estão vacinando qualquer pessoa considerada de alto risco de infecção – por enquanto, são principalmente homens que fazem sexo com homens (HSH) que têm vários parceiros.
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Os Estados Unidos inicialmente limitaram a vacina a contatos de casos confirmados, incluindo profissionais de saúde, mas em 28 de junho também começaram a oferecê-la a pessoas com alto risco de infecção que tinham exposições presumida , o que inclui HSH que tiveram múltiplos parceiros “em uma área onde a varíola está se espalhando.”
Acontece que não existe vacina suficiente para atender a toda população e nem é essa a recomendação da OMS, que ainda não vê uma necessidade de vacinação em massa no momento.
A recomendação da agência de saúde da ONU é vacinar quem teve contato com pessoas infectadas e profissionais de saúde. A entidade também pede que os países que apresentam casos informem sobre seu estoque de vacinas e, em caso excedente, se disponibilizem a oferecer imunizantes para países mais pobres.
Situação do Brasil e produção nacional de vacina
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que está trabalhando com a Organização Pan-Americana da Saúde para ter vacina para aplicar no público-alvo, que são pessoas que tiveram contato com doentes e profissionais de saúde.
Porém, o Instituto Butantan já se adiantou e estuda iniciar a produção nacional de imunizantes contra a doença. Para isso, o órgão criou um comitê técnico, composto por nove especialistas, que vai avaliar a viabilidade.
A experiência, o Butantan já possui já que produziu vacinas contra a varíola humana, na década de 1970. A produção foi encerrada quando a doença foi considerada erradicada, portanto não há estoques do imunizante hoje em dia.
“O Butantan tem experiência na produção de vacinas contra a varíola, apesar do vírus atual ser diferente do que circulou no passado. A tecnologia para a produção da vacina é diferente, por isso, a necessidade de começar a nos preparar”, disse Dimas Covas, diretor do instituto.
Transmissão e sintomas
O vírus da varíola do macaco é transmitido por contato próximo com lesões, fluidos corporais, gotículas respiratórias e materiais contaminados, como roupas de cama.
O período de incubação do vírus (momento da exposição até o surgimento dos primeiros sintomas) é geralmente de seis a 13 dias, mas pode variar de cinco a 21 dias.
A OMS observou que a grande maioria dos casos tem apresentado erupção cutânea, além de febre, fadiga, dores musculares, vômitos, diarreia, calafrios, dor de garganta ou dor de cabeça.
Mas o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, chama atenção para uma apresentação diferente da doença nos casos recentes.
Antes essas lesões apareciam de forma espalhada pelo corpo e em grande quantidade, agora isso não tem acontecido em todos os casos. Em vez disso, algumas pessoas diagnosticadas com varíola do macaco estão apresentando uma única mancha ou bolha.
Outros pacientes desenvolvem uma erupção cutânea localizada, muitas vezes ao redor dos órgãos genitais ou do ânus, antes de apresentarem quaisquer sintomas semelhantes aos da gripe. “E alguns nem desenvolveram esses sintomas semelhantes aos da gripe”, disse a diretora dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), Rochelle Walensky, disse em um comunicado à imprensa.
Ainda segundo o CDC, muitos também não apresentaram linfonodos inchados, que é um sintoma padrão da varíola do macaco.
O quadro de saúde em geral dos pacientes tem sido leve e maioria se recupera, sem complicações.
O que se sabe até o momento é que cerca de 10% dos pacientes foram internados para tratamento ou isolamento, e apenas um paciente foi internado em UTI.