Além do sexo! Em quais situações é possível pegar varíola do macaco?
O contato íntimo não é a única forma de transmissão e todas as pessoas, incluindo crianças, estão sujeitas ao vírus
Muito se fala sobre o papel do sexo na disseminação da varíola do macaco no atual surto. Embora ainda não dê para afirmar que a doença é transmitida via sexual, através de sêmen ou dos fluidos vaginais, o fato é que o contato íntimo ajuda sim a espalhar o vírus. Porém, existem muitas outras situações em que estamos sujeitos à contaminação.
O que é preciso entender é que a transmissão ocorre principalmente através do contato físico pele a pele, já que a doença provoca erupções cutâneas com secreções contaminadas. Esse contato inevitavelmente ocorre durante a relação sexual, mas também pode acontecer durante o beijo em uma festa, por exemplo.
Aliás, especula-se que o surto na Europa teve início em duas festas de música eletrônica realizadas na Espanha e na Bélgica.
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“É muito possível que alguém tenha se infectado, desenvolvido lesões nos genitais, nas mãos ou em outro lugar e depois tenha espalhado para outras pessoas quando houve contato físico ou sexual próximo”, disse, em maio, o conselheiro da Organização Mundial da Saúde (OMS), David Heymann.
O contato pele a pele também inclui abraços e massagem.
Festivais e eventos
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, esclareceu que festivais, eventos e concertos onde os participantes estão totalmente vestidos e com pouca probabilidade de compartilhar contato pele a pele são mais seguros. No entanto, os participantes devem estar atentos às atividades (como beijos) que podem espalhar o vírus.
“Uma rave, festa ou clube onde há pouca roupa e onde há contato direto, pessoal, muitas vezes pele a pele, tem algum risco”, disse o CDC. “Evite qualquer erupção cutânea que você veja nos outros e considere minimizar o contato pele a pele”, orientou.
Já espaços fechados, como quartos, saunas, clubes de sexo ou festas de sexo públicas e privadas, onde ocorre contato sexual íntimo, muitas vezes anônimo, com vários parceiros, podem ter maior probabilidade de espalhar a varíola do macaco.
Contato com doente em espaços fechados
Além do contato pele a pele, a transmissão também pode ocorrer através de secreções respiratórias – por isso é importante o uso de máscara, especialmente em locais fechados – e por meio do contato com objetos recentemente contaminados, como toalha ou roupa de cama de alguém doente.
Os especialistas reforçam que as pessoas não devem compartilhar esses objetos de uso pessoal, incluindo brinquedos sexuais, cigarro, bebidas e escovas de dentes.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a transmissão por partículas respiratórias por gotículas geralmente requer contato pessoal prolongado cara a cara, o que coloca os profissionais de saúde, membros da família e outros contatos próximos de casos ativos em maior risco.
Embora, o vírus da varíola do macaco não seja tão contagioso quanto o da gripe, a transmissão pode ocorrer no transporte público, como no metrô ou no ônibus, por conta da proximidade entre as pessoas, especialmente se a viagem for mais longa. Porém, esse tipo de transmissão, os especialistas consideram mais improvável.
Outra forma de transmissão pode ocorrer através da placenta da mãe para o feto (o que pode levar à varíola congênita) ou durante o contato próximo durante e após o nascimento.
Quando se isolar?
A transmissão do vírus para outras pessoas ocorre desde o início dos sintomas até a erupção ter cicatrizado completamente e uma nova camada de pele se formar.
Por isso, é importante a pessoa com suspeita com confirmação da doença ficar isolada até as lesões cicatrizarem por completo. A doença geralmente dura de 2 a 4 semanas.
Os cientistas ainda estão estudando se o vírus pode ser transmitido quando alguém não apresenta sintomas.
Sintomas
A Organização Mundial da Saúde (OMS) observou que a grande maioria dos casos tem apresentado erupção cutânea, além de febre, fadiga, dores musculares, vômitos, diarreia, calafrios, dor de garganta ou dor de cabeça.
Mas o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, chama atenção para uma apresentação diferente da doença nos casos recentes.
Antes essas lesões apareciam de forma espalhada pelo corpo e em grande quantidade, agora isso não tem acontecido em todos os casos. Em vez disso, algumas pessoas diagnosticadas com varíola do macaco estão apresentando uma única mancha ou bolha.
Outros pacientes desenvolvem uma erupção cutânea localizada, muitas vezes ao redor dos órgãos genitais ou do ânus, antes de apresentarem quaisquer sintomas semelhantes aos da gripe. “E alguns nem desenvolveram esses sintomas semelhantes aos da gripe”, disse a diretora dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), Rochelle Walensky, disse em um comunicado à imprensa.
Ainda segundo o CDC, muitos também não apresentaram linfonodos inchados, que é um sintoma padrão da varíola do macaco.