Pesquisadores sugerem ligação entre Ômicron e surto de hepatite aguda
Essa é uma das teorias que estão em investigação, mas ainda não há nada concreto
A variante Ômicron do coronavírus pode ter alguma influência no atual surto de hepatite aguda em crianças. É o que um grupo de pesquisadores japoneses sugerem.
O professor da Universidade de Kyoto, Hiroshi Nishiura, disse ao comitê consultivo de coronavírus do Ministério da Saúde que foi descoberto que países com alto número de infecções por Ômicron, como o Reino Unido e os EUA, relataram um número relativamente alto de casos de hepatite infantil.
Segundo o professor, um histórico de infecção com a cepa Ômicron no passado pode ter efeito no surto de hepatite aguda.
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Essa teoria que liga o SARS-COV-2 com o surto de hepatite já havia sido levantada por outros órgãos de saúde e está sendo investigada.
Porém, a hipótese mais forte até o momento é de que a doença esteja sendo causada por adenovírus, já que ele foi detectado em pelo menos 74 casos.
O que os cientistas estão tentando entender agora é se houve mutações no adenovírus 41 que possam explicar por que um vírus que não era conhecido por causar hepatite em crianças saudáveis pode agora estar causando.
Ainda outra teoria em consideração é que a exposição a algum medicamento, toxina ou algo no ambiente possa ter predisposto as crianças a ter uma reação anormal à infecção por adenovírus ou outro vírus.
Em comunicado divulgado em 23 de abril, a OMS disse que não há relação entre a doença e as vacinas utilizadas contra a covid-19, pois a grande maioria das crianças afetadas não recebeu a vacinação contra o coronavírus.
Veja aqui mais detalhes dessas e outras teorias que estão sendo analisadas.
Surto de hepatite aguda
A hepatite aguda se caracteriza pela inflamação do fígado de forma abrupta, com enzimas hepáticas acentuadamente elevadas.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de casos suspeitos em investigação até o dia 10 de maio era de 348 em 20 países.
O Reino Unido é o país que mais registra casos, com 163 confirmados até o dia 3, segundo as autoridades de saúde locais.
Nos Estados Unidos, a doença foi relatada em 109 crianças até o dia 6. De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC), mais de 90% foram hospitalizadas, 14% receberam transplantes de fígado e 5 morreram.
Já no Brasil, o Ministério da Saúde informou nesta quinta-feira, 12, que investiga 28 casos suspeitos de hepatite aguda infantil de origem desconhecida.
Os registros são de São Paulo (8), Rio de Janeiro (7), Minas Gerais (4), Paraná (3), Espírito Santo (2), Pernambuco (2) e Santa Catarina (2). Os casos ainda não são conclusivos e aguardam novos exames para confirmação da doença.
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Sintomas
A maioria das crianças com a doença tem menos de cinco anos. Os primeiros sintomas geralmente incluem diarreia seguida de icterícia.
Outro sintoma importante de hepatite aguda é a dor intensa quando o abdômen é tocado. Essa sensibilidade é sentida na parte superior direita, que é onde o fígado está localizado.
De acordo com a Agência de Segurança Sanitária do Reino Unido (UKHSA), os sintomas de inflamação no fígado mais observados em crianças até agora foram:
Icterícia (71%)
Vômitos (63%)
Fezes pálidas (50%)
Diarreia (45%)
Náusea (31%)
Dor abdominal (42%)
Letargia (cansaço) (50%)
Febre (31%)
Sintomas respiratórios (19%)