Mulher descreve varíola do macaco como ‘incrivelmente dolorosa’

"É muito, muito doloroso. Quero que as pessoas saibam que [o vírus] está aqui e está se espalhando. Não é uma piada”, disse ela

Camille Seaton, de 20 anos, é uma das poucas mulheres dos Estados Unidos que teve o diagnóstico confirmado de varíola do macaco. A jovem, que mora na Geórgia, postou um vídeo no TikTok descrevendo o que vem sentindo desde que as bolhas apareceram em sua pele.

Segundo ela, a infecção é incrivelmente dolorosa, o que chega a impedi-la de fazer tarefas comuns no dia a dia.

Mulher descreve infecção da varíola do macaco como incrivelmente dolorosa
Créditos: reprodução/TikTok/TMX
Mulher descreve infecção da varíola do macaco como incrivelmente dolorosa

“Eu tenho muitas bolhas em minhas mãos, então era difícil para mim fazer qualquer coisa com minhas mãos… eu não conseguia segurar meu telefone. Eu não podia fazer nada em casa. Eu não conseguia nem dobrar minhas roupas. Foi extremamente doloroso”, descreveu.

Camille conta que notou caroços no rosto pela primeira vez em 11 de julho e acreditou que se tratava de acne. Em 16 de julho, mais erupções na pele apareceram e ela foi ao hospital para fazer testes, que confirmaram a infecção.

Os demais sintomas logo apareceram. Além das lesões no corpo, ela também sofria de febre, erupção cutânea, dores de cabeça e dores musculares e nas articulações.

“As lesões no meu rosto foram as primeiras a aparecer e os inchaços permaneceram no meu rosto por uma semana e meia. E quando meu rosto começou a cicatrizar, inchaços começaram a aparecer no meu corpo”, lembrou.

Um mês depois, algumas lesões ainda permanecem em seu rosto e ela continua isolada da filha para protegê-la do vírus.

“Isso realmente te ataca e te afeta. É muito, muito doloroso. Quero que as pessoas saibam que [o vírus] está aqui e está se espalhando. Não é uma piada”, disse ela.

Embora a maioria dos casos de varíola do macaco tenha sido registrado entre homens que fazem sexo com outros homens, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já frisou que ninguém está imune ao vírus, que pode afetar, inclusive crianças.

Como acontece a transmissão?

Um estudo recente feito por pesquisadores espanhóis e publicado na revista científica The Lancet afirma que o contato próximo durante o sexo é a forma dominante de transmissão da doença no surto atual. Ela acontece pelo contato pele a pele, principalmente.

Isso, no entanto, não quer dizer que a varíola do macaco é uma IST (infecção sexualmente transmissível). Embora estudos tenham encontrado DNA do vírus em amostras de sêmen, ainda não há confirmação de que o material ali teria capacidade de contaminar.

Já as gotículas respiratórias, que eram consideradas um meio de transmissão, ainda que difícil, apresentam baixo ou nenhum risco de transmissão, segundo autores do novo estudo.

A conclusão é resultado de uma análise de 181 pacientes com a doença diagnosticados em três clínicas da Espanha entre maio e junho deste ano. Eles afirmam que quase todos os indivíduos ou tiveram relações sexuais anteriores com uma pessoa que teve diagnóstico para o vírus monkeypox ou tinham múltiplos parceiros nos últimos três meses.

Sintomas

A Organização Mundial da Saúde (OMS) observou que a grande maioria dos casos tem apresentado erupção cutânea, além de febre, fadiga, dores musculares, vômitos, diarreia, calafrios, dor de garganta ou dor de cabeça.

Mas o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, chama atenção para uma apresentação diferente da doença nos casos recentes.

Antes essas lesões apareciam de forma espalhada pelo corpo e em grande quantidade, agora isso não tem acontecido em todos os casos. Em vez disso, algumas pessoas diagnosticadas com varíola do macaco estão apresentando uma única mancha ou bolha.

Doença é caracteriza por bolhas na pele
Créditos: VisualDX
Doença é caracteriza por bolhas na pele

Outros pacientes desenvolvem uma erupção cutânea localizada, muitas vezes ao redor dos órgãos genitais ou do ânus, antes de apresentarem quaisquer sintomas semelhantes aos da gripe. “E alguns nem desenvolveram esses sintomas semelhantes aos da gripe”, disse a diretora dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), Rochelle Walensky, disse em um comunicado à imprensa.

Ainda segundo o CDC, muitos também não apresentaram linfonodos inchados, que é um sintoma padrão da varíola do macaco.